Grupo dará trégua de 48h à espera de acordo; movimento parou até a limpeza de áreas públicas
A greve dos agentes penitenciários do Estado foi suspensa na noite desta segunda-feira (24), mesmo dia em que o movimento completava três semanas. A categoria aceitou a suspensão por 48 horas sugerida durante a manhã pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que convocou uma reunião de conciliação entre grevistas e o Estado e deve apresentar nova proposta nesta terça-feira (25). As principais reivindicações são o aumento do salário em 20,6% e extinção de dois níveis de promoção.A paralisação, porém, já traz efeitos fora dos presídios. Em Campinas, ela também afetou os trabalhos da Secretaria de Serviços Públicos. Isso porque os reeducandos do programa Portas da Liberdade, que realizam a limpeza de locais públicos na cidade, não puderam deixar o Complexo Penitenciário de Hortolândia.O secretário Ernesto Paulella reconheceu que os trabalhos estão atrasados e pediu compreensão da população. Os reeducandos trabalham na roçada de mato em praças, limpeza de terrenos baldios, de bocas de lobo e pinturas de guias e pontes. “Todos esses serviços deixaram de ser feitos com a ausência dos reeducandos, com exceção da limpeza de bocas de lobo, que é feita pela empresa responsável pelo lixo na cidade”, disse Paulella.Apesar da suspensão da greve e a possível retomada dos serviços de limpeza nesta terça-feira, o secretário afirmou que não há prazo para que as atividades se normalizem. “O cronograma está prejudicado. Houve um prejuízo muito grande para os serviços públicos, mas também para os reeducandos, primeiro porque deixam de receber (eles ganham um salário mínimo por mês e a cada três trabalhados reduzem um da pena). É ruim para todo mundo”, afirmou.“A greve limita ao máximo o trânsito dos presos. Para a saída dos reeducandos é preciso um grande efetivo de agentes. Além disso, agentes fazem rondas nos locais onde os presos estão trabalhando, fazem chamadas, por isso esse trabalho foi suspenso”, disse Carlos Rufino, diretor regional do Sindicato dos Agentes da Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), antes da assembleia realizada na noite desta segunda que definiu pela suspensão da greve.Após a reunião, a categoria aceitou retomar todas as atividades hoje. “Tudo volta ao normal. Mas se o Estado não apresentar uma proposta até quarta-feira, voltamos com a greve”, disse.A reunião no MPT foi mediada pela procuradora-chefe Claudia Lovato Franco. Em nota, o órgão esclareceu que mesmo não possuindo atribuição para medidas judiciais cabíveis, até o momento, atendeu ao pedido de mediação por entender se tratar de interesse social relevante.A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que fará nova rodada das negociações com a categoria. Até esta segunda-feira, 82 das 158 unidades prisionais do Estado continuavam com parte de seus serviços paralisados.