DOIS SOCOS EM MULHER

Agente acusado de agressão na Câmara será investigado pela PF

A agressão ocorreu no início da semana, durante sessão na Câmara de Campinas, quando o Legislativo aprovou veto à discussão de gênero nas escolas municipais

Sarah Brito
02/07/2015 às 19:26.
Atualizado em 23/04/2022 às 08:57
Polícia Federal é acusado de agressão (  Cedoc/RAC)

Polícia Federal é acusado de agressão ( Cedoc/RAC)

O policial federal que agrediu uma manifestante na Câmara de Campinas no dia 29, Cássio Guilherme Silveira, tem cinco dias para prestar esclarecimentos sobre o caso à Polícia Federal (PF), que investiga a agressão. Segundo o órgão, caso seja comprovada alguma infração, a PF deliberará sobre a sindicância e o processo administrativo disciplinar — que pode levar a sanções e até à exoneração do servidor público. O processo de investigação dura 30 dias e o agente deve se apresentar na PF de Campinas.A agressão ocorreu no início da semana, durante sessão na Câmara de Campinas, quando o Legislativo aprovou veto à discussão de gênero nas escolas municipais. Silveira agrediu a professora Carolina Figueiredo e o momento ficou gravado em um vídeo e divulgado na internet. As imagens foram feitas pela TV Movimento. A professora, que é a favor da inclusão de ideologia de gênero, levou dois socos na cabeça. A sessão foi marcada pelo tumulto. Silveira, segurava a bandeira do Movimento Integralista Linear Brasileiro quando cometeu a agressão. Ele disse que os “tapas” foram em “legítima defesa”, porque a professora havia agredido os integrantes do Integralismo antes e tentado rasgar a bandeira. “A Polícia vai analisar se o agente quebrou determinação do código de conduta específica dos policiais. Por enquanto, ainda é cedo para dizer como o processo andará”, disse a chefe de comunicação da Polícia Federal de São Paulo, Patrícia Zucca. A PF informou que durante a agressão o agente estava de folga. Silveira está lotado no plantão da Delegacia, mas já foi agente de campo. A Câmara informou, em nota oficial, que “refuta veementemente qualquer tipo de violência cometida por quem quer que seja, sob quaisquer alegações”. Carolina registrou boletim de ocorrência da agressão. O caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da Polícia Civil de Campinas. CondenadoO policial federal Cássio Guilherme Silveira foi condenado em 2012 por inserção de dados falsos no sistema da Polícia Federal. A decisão foi do Tribunal Regional Federal da 3ª região, vara Campinas, condenou o agente por ter alterado a data de um protocolo de registro de arma de fogo no Sistema de Acompanhamento de Processos (Siapro) da Polícia Federal. O objetivo, segundo a ação, era permitir que o requerimento de um colega fosse reexaminado, e eventualmente, deferido. O requerimento também foi, na ocasião, apresentado fora do prazo legal e Silveira suprimiu o extrato verdadeiro do outro agente. A denúncia, feita pelo Ministério Público, ocorreu em setembro de 2005. Silveira foi condenado a quatro anos de prisão em regime aberto, convertidos em multa de 10 salários mínimos e serviços comunitários. O policial federal recorreu ao processo e espera a decisão. Ele foi procurado por telefone e e-mail, mas não retornou.Em entrevista ao Correio nesta semana, Silveira afirmou que o Movimento não tem interesse em entrar em confronto físico com membros de partidos políticos e que a agressão foi “legítima defesa”, mas sem a intenção de machucar a manifestante. Ele também disse que concorda com o veto de incluir nas escolas o debate de identidade de gênero.

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