Agendamento de consulta custa um dia todo na fila

O número insuficiente de senhas e os poucos dias disponíveis no mês para agendamento de consultas no Centro de Saúde (CS) São Bernardo, no bairro São Bernardo, em Campinas, revoltaram os usuários na manhã de ontem. O agendamento mensal havia sido marcado para a a manhã e a tarde de ontem, e centenas de usuários foram ao local seguindo essa orientação. Com medo de ficar sem atendimento, muitos chegaram antes das 6h. Por volta das 7h, a fila já dobrava a esquina. O resultado é que não houve senhas suficientes - 150 foram distribuídas, e quem não conseguiu a sua foi orientado a voltar no período da tarde. Mesmo assim, muita gente preferiu ficar na fila até a nova distribuição das senhas para não correr risco de ficar novamente sem agendamento. “Eu cheguei às 6h30 e não consegui pegar senha. É o segundo mês que venho tentar agendamento e não consigo por causa do número de pessoas. Acho um absurdo o agendamento ser feito apenas uma vês por mês”, criticou a dona de casa Maria de Lourdes Fernandes, que resolveu ficar na fila para tentar conseguir uma senha à tarde. “Tenho um filho adolescente deficiente que depende de mim, mas sou obrigada a ficar aqui para tentar pegar uma senha”, acrescentou a dona de casa, que precisava apenas de uma receita médica para comprar um remédio. Na fila, havia adultos com diversos tipos de problemas e idosos com dificuldade de andar. “Eu cheguei às 6h da manhã e peguei a senha 103. Havia muitos idosos na fila. É a segunda vez que tento fazer o agendamento”, contou a manicure Elaine Casellato, de 37 anos, que conseguiu uma consulta para a semana que vem. Segundo os usuários, os problemas com o agendamento começaram com a transferência dos pacientes que eram atendidos pela unidade da Faria Lima, no ano passado. Desde então, afirmam, falta atendimento e sobra gente nas filas. Em nota, a Secretaria de Saúde informou que a orientação é de que “todos os centros de Saúde atuem com a agenda aberta para evitar situações que causem desconforto para o usuário”, e que o caso do São Bernardo será apurado. “Todos os pacientes passam pelo acolhimento e o atendimento se dá com base na situação de saúde de cada um, conforme a especificidade do caso, e não por ordem de chegada”, afirmou a Secretaria, que também informou que a coordenação do CS garantiu que “todos os que estiveram no CS São Bernardo foram acolhidos” e que “a agenda de consultas médicas permanecerá aberta”. “O CS São Bernardo trabalha com uma equipe com clínico geral, ginecologista, pediatra e psiquiatra e dentistas. A unidade tem uma parceira de atendimento com a Faculdade São Leopoldo Mandic e é campo de estágio dos alunos”, destaca a nota. Os próprios usuários confirma que há médicos na unidade - e por isso mesmo não entendem porque há problemas no atendimento. “Vi médicos e funcionários que ficam andando de um lado para o outro lá dentro, só conversando. Alguns dizem que a Prefeitura não paga, mas isso não é problema nosso. Se há problemas com salários, eles devem brigar para receber. De nossa parte, pagamos impostos e queremos respeito e atendimento”, disse uma usuária que preferiu não se identificar.