Vítima reclama do descaso da polícia; crimes aconteceram no Jardim Conceição
A advogada E.C., de 31 anos, foi assaltada oito vezes em um período de pouco mais de um ano em frente à sua casa, na Rua Antonio Pavin, no Jardim Conceição, em Campinas.
Em todas as ocasiões teve carro, bolsa, celular, documentos e dinheiro roubados. Além do prejuízo financeiro e dos vários sustos ao ficar sob a mira de uma arma, o que mais causa espanto na advogada é o fato de, apesar de ter acionado a Polícia Militar (PM) e, posteriormente, ter feito a comunicação de todos os oito crimes à Polícia Civil, ela nunca ter sido chamada para depor ou identificar suspeitos em um processo de investigação dos crimes.
“Eu chamei a PM para bloquear o carro, mas nunca foram até a rua da minha casa para me ouvir. Fiz o boletim as oito vezes e contei a história no 4º Distrito Policial (Taquaral) todas as vezes, mas ninguém me procurou para eu prestar depoimento”, narra. Em cinco vezes, o carro foi recuperado depois de abandonado pelos ladrões.
O crime, contou a advogada, é cometido sempre pelo mesmo grupo de rapazes, que aparentam ter no máximo 20 anos. “Eles sempre agem no mesmo horário, entre as 19 h e 21 h, quando estou chegando em casa. Estão sempre armados e levam as mesmas coisas”, contou a vítima.
Segundo ela, os bandidos agem sempre da mesma forma e abandonam o carro sempre nas imediações do Carrefour Valinhos. “Não é possível que ninguém faça nada para prender esse grupo”, desabafa. O último assalto aconteceu sábado passado, quando chegava em casa com a mãe, já idosa. “É duro dizer isso, mas eu já estou acostumada a ser assaltada e sei como devo agir para evitar que os criminosos sejam agressivos. Eu temo que o próximo assalto seja com o meu pai ou a minha mãe, porque não sei como eles poderão reagir”, disse.
A advogada diz que não tem ideia do prejuízo que teve com os assaltos. “Antes eu tinha um Honda Civic. Depois do terceiro assalto troquei por um Corsa, que é um carro popular, achando que os roubos iriam parar, mas não adiantou”, afirmou.
Ela disse que, apesar de morar a vida inteira na rua, pensa em se mudar. “Não tenho sossego quando saio de casa e deixo meus pais sozinhos”, afirmou. Os crimes levaram a advogada a mudar a rotina da casa. “Coloquei portão eletrônico, cerca elétrica, chamo sempre a segurança particular, não saio sem ajuda dos outros. Mas isso não adianta, a sensação é que eu vou ter que mudar para ter paz.”
Segundo a vítima, toda vizinhança sabe que o grupo vem agindo no bairro. “Geralmente eles chegam em carros e tem sempre um armado que me rende. Não escondem o rosto. Contei tudo isso na delegacia, nunca ninguém deu atenção para o que falo”, afirmou.
E. disse que uma das vezes em que foi retirar o carro no 5 DP (Jardim Amazonas) ouviu do delegado que ela era uma mulher de sorte porque nunca tinham me machucado. “Que sorte eu tenho? Fui roubada oito vezes”, reclamou.
Outro lado
O delegado titular da Seccional de Campinas, José Carneiro de Campos Rolim Neto, em nota enviada pela Secretaria de Segurança pública, informou que os casos registrados pela advogada estão sendo investigados pelo 4º DP de Campinas.
Segundo a nota, a vítima foi orientada a ir à delegacia para reconhecimento fotográfico, mas até o momento não apareceu. O seccional ainda disse que são sete boletins de ocorrência, sendo quatro de roubo de veículo, dois de localização e apreensão e um de roubo de veículo, mas que aconteceu em São Paulo.
A PM informou que, em patrulhamento no Jardim Conceição, entre janeiro e maio, deteve 145 pessoas em flagrante delito, das quais 31 menores de idade, retirou das ruas 10 armas de fogo e recuperou 86 veículos. A PM informou ainda que realiza o policiamento ostensivo e preventivo na região.