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Adesão à antena parabólica digital está abaixo do esperado

Dois terços das famílias que têm direito à substituição da antiga pelo novo modelo de maneira gratuita ainda não realizaram a troca

Bruno Luporini/bruno.luporini@rac.com.br
12/04/2025 às 11:27.
Atualizado em 12/04/2025 às 12:51

Quem não substituir a antena ficará sem acesso à programação dos canais abertos via satélite; na imagem, antenas do modelo antigo (as maiores) dividem espaço com os equipamentos modernos (menores) (Kamá Ribeiro)

Apenas um terço das famílias que têm o direito de substituir gratuitamente a antena parabólica antiga pelo novo modelo digital realizaram a troca em Campinas. De acordo com a associação Siga Antenado, responsável pela instalação do novo kit, foram 1.176 equipamentos substituídos em Campinas até março deste ano. A cidade ainda tem 2.329 famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com direito à troca gratuita. O dado das pessoas que podem receber o equipamento, é uma estimativa baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo IBGE com dados revisados e disponibilizados em 2021.

O presidente da Siga Antenado, Leandro Guerra, explicou que o agendamento pode ser feito pelo site www.sigaantenado.com.br ou pelo telefone 0800 729 2404. A pessoa deve se identificar informando o número do CPF ou NIS (número de inscrição social). A Siga Antenado checa as informações para constatar se ela tem o direito à substituição gratuita. Com todas as informações checadas, um técnico da associação agenda uma visita para realizar o serviço gratuito de substituição. Guerra reforçou que o prazo limite para a solicitação da troca é dia 30 de junho de 2025, até às 20h. “Após essa data não será mais possível receber a parabólica digital gratuitamente.”

O sinal de TV via parabólica tradicional está em processo de desligamento no país, algo que ocorre gradualmente. As pessoas que não realizarem a substituição ficarão sem acesso à programação dos canais abertos via satélite. Para especialistas do setor, o mercado das antenas parabólicas diminuiu nos últimos anos, especialmente por causa da maior facilidade de acesso à banda larga fixa e aos serviços de streaming.

Dentro desse contexto, Elaine Silva de Oliveira, moradora e membro da associação de bairro do Parque Oziel, afirmou que não conhece ninguém do local que tenha feito a solicitação para a substituição dos equipamentos. A maioria dos moradores, segundo ela, utiliza antenas digitais, que captam os sinais terrestres dos canais abertos, e acessa serviços de streaming via internet. “Atualmente não conheço ninguém com parabólica aqui, acho que deve ser mais em áreas de sítio, locais mais rurais”, comentou.

A suspeita de Elaine foi endossada por Daniela Lima, que há 26 anos é proprietária de uma loja de equipamentos eletrônicos no Centro de Campinas. Ela contou que a loja possuía quatro profissionais que instalavam três antenas parabólicas por dia quando começou o negócio. Ela afirmou que atualmente as instalações de antenas não passam de seis na semana. “Era o nosso carro-chefe de vendas, hoje são câmeras de segurança e equipamentos para portão eletrônico.”

Daniela confirmou que a maioria das vendas de antenas digitais são feitas para pessoas que moram ou possuem propriedades mais afastadas de Campinas. “Principalmente na região do sul de Minas”, como Jacutinga, Socorro, Monte Sião, entre outras cidades. “São locais com muitos morros, por isso o sinal digital terrestre sofre interferências e as pessoas optam pelo sinal via satélite.” Em sua loja os kits com antena, receptor, ponteira, controle remoto e vinte metros de cabo custam R$ 450. Com a instalação, o valor vai para R$ 600.

Professor de Engenharia de Computação da PUCCampinas, Antonio Forster comentou que a cidade de Campinas possui um sinal digital terrestre muito bom, especialmente pelo fato de a cidade contar com emissoras de televisão locais que investiram na infraestrutura desse tipo de transmissão. “Então, as pessoas não dependem da transmissão via satélite, que é onde a antena parabólica digital é utilizada.”

Na visão de Forster a tendência é que as antenas parabólicas, nos centros com melhor qualidade de transmissão, diminuam cada vez mais. Outro fator apontado por ele, é o perfil de consumo do público, que foi alterado pela acessibilidade financeira dos serviços de streaming. “Geralmente eles são baratos, o que resulta em uma permeabilidade social muito grande”, analisou. Para o professor, de modo geral, as pessoas se acostumaram ao consumo dos conteúdos dos streamings, que garantem a liberdade de escolha do que será assistido em qualquer momento do dia. Além disso, o fator geracional também é preponderante para a diminuição da escolha das antenas parabólicas. “A TV aberta é muito mais alinhada com o perfil da geração anterior”, pontuou, acrescentando que para a atual geração de jovens o consumo do audiovisual está baseado no poder de escolha e na segmentação dos públicos.

Daniela Lima concordou com a afirmação do professor. “A geração mais nova entra na loja e diz que nem acredita que ainda exista parabólica”, revelou. Ela lembrou que nesses 26 anos na loja viu a febre das antenas parabólicas nos anos 90. “As pessoas faziam consórcio para conseguir uma.” Depois assistiu a substituição do sinal analógico pelo digital e, agora, a diminuição gradual das vendas de antenas parabólicas. “A modernidade chegou e a televisão migrou para o celular.” 

SINAL 5G

A associação sem fins lucrativos Siga Antenado foi criada por determinação da Agência nacional de Telecomunicações (Anatel), no âmbito do leilão do 5G, para atuar na substituição das antenas parabólicas antigas pelas digitais. A principal justificativa para a substituição dos equipamentos é a liberação da faixa de sinal, pois a implementação do sinal 5G pode gerar interferência e até interromper o sinal transmitido para as parabólicas tradicionais. As parabólicas digitais, além de garantir a continuidade do sinal, têm a transmissão das imagens com qualidade superior em alta definição e som mais nítido. A recepção do sinal se torna mais estável, reduzindo falhas na transmissão. De acordo com a associação, os novos modelos de antena parabólica digital podem captar cerca de 140 canais.

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