Concentração de policiais militares e guardas no atendimento à ocorrência no Centro de Campinas (Leandro Ferreira/AAN)
Um acidente de trânsito envolvendo agentes da Guarda Municipal e um policial militar tumultuou o 1 Distrito Policial (DP) de Campinas no final da tarde deste domingo (10).
O PM Homero Pereira Gonçalves, à paisana, subia pela Avenida Moraes Salles sentido Centro com uma Courier branca, por volta das 17h, quando fez uma conversão para a Rua Coronel Quirino com o sinal fechado, segundo testemunhas.
Na manobra, ele acabou atingindo os GMs Rafael Falório e Izaquiel Matos, que desciam em alta velocidade de motocicletas, com os sinaleiros luminosos e sonoros ligados, para averiguar uma ocorrência próxima ao estádio do Guarani.
Outros dois guardas acompanhavam a operação, mas conseguiram frear a tempo de evitar a colisão. Falório atingiu a lateral do veículo e acabou voando por cima do carro, sendo levado para o pronto-socorro do Hospital Ouro Verde com fraturas no pulso e no braço. Matos não teve ferimentos.
A confusão começou quando os GMs alegaram ter visto uma lata de cerveja sendo retirada da Courier e jogada na calçada para o guincho levar o carro para o 1 DP — informação negada pelo tenente da PM Danilo Martinez, que foi ao local para atender a ocorrência.
Assim que as viaturas da GM e da PM chegaram, os agentes da Guarda pediram que Homero fizesse o teste do bafômetro para verificar o nível de álcool no sangue. Porém, os policiais militares que atenderam o ocorrido informaram, segundo o delegado de plantão, Akira Fujiyama, que não tinham o aparelho naquele momento. “Trata-se apenas de um acidente de trânsito”, disse o tenente.
Homero demorou mais de duas horas para se apresentar no 1 DP e dar sequência ao registro obrigatório, por envolver viaturas, ou seja, patrimônio público, de boletim de ocorrência, sendo que os GMs e todos os veículos envolvidos, incluindo a courier, já estavam lá.
Fujiyama afirmou que o PM, já no 1 DP, se negou a fazer o teste do bafômetro e também o exame de sangue e, por isso, seria encaminhado para um exame clínico — quando um médico avalia o motorista visualmente. Homero negou a informação, mas não quis conversar com a imprensa.
O caso, segundo Fujiyama, foi registrado como termo circunstanciado de ocorrência, um registro que contém apenas a qualificação dos envolvidos — dados como nome, naturalidade, profissão, local de residência — e o relato sucinto da ocorrência, para servir como um inquérito simplificado para ficar à disposição da Justiça.
“Houve essa versão da lata de cerveja, mas não tem testemunha. Todas as partes serão ouvidas e tudo constará na ocorrência, incluindo a PM não ter disponível na hora o etilômetro. Mas quem julga não é o delegado, é o juiz.”