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Acidente de trabalho mata um a cada 4h e meia

Levantamento considera informações de vários órgãos públicos do País

Agência Anhanguera de Notícias e Agência Brasil
correiopontocom@rac.com.br
10/03/2018 às 20:49.
Atualizado em 23/04/2022 às 05:33

Sessão do Ministério Público do Trabalho (MPT): divulgação de relatório sobre acidentes de trabalho no Brasil e as implicações nas áreas de saúde e economia do território nacional (Agência Brasil)

Desde o começo de 2017, ao menos um trabalhador brasileiro morreu a cada quatro horas e meia, vítima de acidente de trabalho. O dado é do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Com base em informações disponibilizadas por vários órgãos públicos, o observatório estima que, entre o começo do ano passado e as 14h da última segunda-feira, foram registradas 675.025 comunicações por acidentes de trabalho (CATs) e notificadas 2.351 mortes. Ainda de acordo com o observatório, entre 2012 e 2017, a Previdência Social gastou mais de R$ 26,2 bilhões com o pagamento de auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, auxílios-acidente e pensões por morte de trabalhadores. Além disso, com base em cálculos da OIT, o procurador do Trabalho e co-coordenador do laboratório de gestão (SmartLab de Trabalho Decente), Luís Fabiano de Assis, afirma que o País perde, anualmente, 4% do seu Produto Interno Bruto (PIB) com gastos decorrentes de “práticas pobres em segurança do trabalho”. Segundo Assis, no ano passado, estas perdas gerais à economia com acidentes de trabalho foram equivalentes a cerca de R$ 264 bilhões. Para os procuradores do trabalho, os números “alarmantes” são apenas a “ponta do iceberg”, não representando a real dimensão do problema. Assis ainda acrescenta que as notificações não vem caindo. “Quando analisamos o número de (trabalhadores) expostos (ao risco de acidente), o número de contratos de trabalho existentes, o número de acidentes não caiu em comparação a 2016. Ele se manteve estável.” Setores Setorialmente, as notificações de acidente de trabalho foram mais frequentes no ramo hospitalar e de atenção à saúde, público e privado, onde foram registradas 10% das CATs. Na sequência aparecem o comércio varejista (3,5%); a administração pública (2,6%); Correios (2,5%) e a construção (2,4%), seguido pelo transporte rodoviário de cargas (2,4%). Entre os profissionais mais vitimados estão os que trabalham em linhas de produção; os técnicos de enfermagem; faxineiros; serventes de obras e motoristas de caminhões. Quem trabalha em contato com máquinas e equipamentos tem mais chances de se acidentar e de sofrer ferimentos mais graves. Segundo Assis, o objetivo do MPT e da OIT ao divulgar os dados não é expor os empregadores, mas sim estimular as discussões sobre como reduzir os riscos de acidentes do trabalho. “Os acidentes de trabalho envolvem um problema de saúde pública, econômico e previdenciário — em um momento em que se discute a necessidade de reformar (alterar as regras da) Previdência Social. Há perdas de vidas, perdas para as famílias, para a economia e um aumento do número de ações na Justiça”, ponderou o procurador. Ele lembrou que, mundialmente, discutem-se os ganhos de produtividade resultantes da redução do número de acidentes e de afastamentos. O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, enfatizou que os índices de acidentes laborais e de adoecimentos em função do trabalho são extremamente preocupantes. Fleury ainda comentou que a maioria dos acidentes não é notificada, contrariando a legislação trabalhista. “É importante que as empresas, os trabalhadores e o próprio governo se conscientizem. Que as políticas públicas sejam direcionadas para garantir que os trabalhadores possam voltar para casa vivos e saudáveis”, disse Fleury.   Campinas De 2012 a 2017, 143 trabalhadores não voltaram para casa em Campinas, entrando para a estatística de vítimas de acidentes de trabalho fatais. No mesmo período foram registradas 30.740 Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT) — que agrega o registro de acidentes e doenças ocupacionais — na cidade e a abertura de 7.113 auxílios-doença (benefício concedido a trabalhadores com mais de 15 dias de afastamento), resultando em um impacto previdenciário de R$ 61,4 milhões no período. Os setores econômicos que registraram o maior número de acidentes no município foram, respectivamente, estabelecimentos hospitalares (8,76%), instituições de Ensino Superior (5,97%), coleta de resíduos não-perigosos (5%) e serviços de bufê (3,82%). Os segmentos que mais geraram afastamentos de trabalhadores foram restaurantes (3,99%), transporte rodoviário de carga (3,71%), comércio de materiais de construção (3,25%) e limpeza de prédios e domicílios (3,12%). 

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