OBSTÁCULO

Acesso à escola põe estudantes na linha

Alunos são obrigados a caminhar 4km nos trilhos de trem para poder estudar

Tatiane Quadra
tatiane.silva@rac.com.br
20/10/2012 às 15:19.
Atualizado em 26/04/2022 às 20:18

As crianças que moram no Residencial Sirius Pirelli, na região do Campo Grande, em Campinas, precisam enfrentar uma caminhada de quatro quilômetros pelos trilhos de trem para estudar. A unidade mais próxima deles, com vagas disponíveis, é a Escola Estadual Glória Aparecida Rosa Viana, que fica no Satélite Íris 2. Segundo os pais, o percurso pelos trilhos é o mais curto, já que pela Avenida John Boyd Dunlop aumentaria em dois quilômetros, e seria mais cansativo e perigoso.

As famílias de áreas de risco da cidade que mudaram para lá há três meses relatam que encontraram dificuldades para matricular os filhos perto de casa. Apesar do Residencial Cosmos, bairro ao lado, ter uma escola, não há vagas. “Só um mês depois cerca de 150 crianças do condomínio foram matriculadas no Glória Viana”, conta a porteira Elaine Bernardo da Silva, de 37 anos, que tem dois filhos em idade escolar. “Foi quando começou nosso martírio. A caminhada leva cerca de 1h20 debaixo do sol quente e há vários perigos.”

Um grupo de pais se uniu e passou a se revezar para levar de 30 a 40 alunos para a escola. Mas vários desistiram. “Em alguns pontos não é possível andar ao lado da linha, tem que ser pelos trilhos mesmo, por isso quando o trem passa temos que parar e esperar”, explica Elaine. “As crianças chegam muito cansadas para estudar e muitos pais não podem acompanhar sempre porque precisam trabalhar. Os meus mesmo já não vão há dias e tenho medo que percam o ano”, disse.

Usuários de drogas ao redor da linha também assustam os pais. “Ando 16km para levar e buscar, mas não deixo minha filha ir sozinha, porque tem homem que mexe com as meninas”, conta a dona de casa Lilian Silvério, de 28 anos, mãe de Lorraine, de 11 anos. “Mas também não tenho condições de pagar R$ 100,00 de perua escolar.”

Os pais levam água e suco para aliviar o calor no trajeto. “Cair e quebrar o chinelo é normal”, comenta o cobrador Marcelo Rosa, de 41 anos. “É muito sofrimento. Já protocolei um requerimento com o nome de todos os estudantes, pedindo uma solução, há um mês. Mas até agora não tivemos resposta.”

Solução

Apesar da escola ser estadual, a Secretaria Municipal de Educação é a responsável pelo transporte escolar em Campinas. Segundo o órgão, os pais devem procurar a secretaria da Escola Glória Viana e fazer o pedido formal de passe escolar. A unidade enviará a demanda para a Diretoria de Ensino, que aprova e repassa a solicitação à Associação das Empresas de Transporte Urbano de Campinas (Transurc) para a confecção das carteirinhas. Quem paga pelos passes é a Prefeitura. Paralelo a isso, a Secretaria estuda um contrato emergencial para um ônibus específico de transporte escolar às crianças do bairro. Porém, informa que o trâmite burocrático depende de aprovação jurídica, o que não é imediato.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por