restauro

Acervo ferroviário ganha reforços

O carro ficou muitos anos em Vinhedo e acabou vandalizado, até ser cedido à ABPF pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT)

Maria Teresa Costa
18/10/2019 às 08:03.
Atualizado em 30/03/2022 às 14:35

Um carro de passageiros que por muito tempo funcionou como ambulatório para tratamento oftalmológico e um vagão de cargas fabricado em 1945 nos Estados Unidos pela Pulman Stadart Car, da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro, foram restaurados pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) e passam a integrar o acervo ferroviário da entidade em Campinas. Eles serão apresentados amanhã ao público nos passeios entre Campinas e Jaguariúna. O carro ficou muitos anos em Vinhedo e acabou vandalizado, até ser cedido à ABPF pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT). Em sua recuperação foram investidos R$ 200 mil, provenientes exclusivamente dos passeios realizados nos finais de semana e feriados pela entidade ferroviária. Segundo o diretor da ABPF, Hélio Gazetta Filho, o carro foi recuperado nas oficinas Carlos Gomes e é de estrutura e caixa metálicas. Seu chassis é de 1912, importado da Inglaterra. Originariamente, sua caixa era de madeira e com o projeto de modernização da frota, a Paulista iniciou, na década de 1960, a transformação dos antigos carros de madeira para metálico. "Infelizmente isso durou pouco, pois logo em seguida, em 1971, formou-se a Fepasa e em 1977 muitos trens de passageiros foram suprimidos e ele passou a ser usado apenas como carro de serviços", disse o diretor. Na década de1980, o equipamento que passa a circular nesse sábado foi transformado em carro saúde. Seu interior ganhou salas de consultórios, incluindo sala de espera com sanitários. Nesse programa, a Fepasa levava o carro em estações do Interior, para atender comunidades e bairros carentes no entorno da estação. De acordo com Gazetta, o carro de passageiros terminou sua carreira como unidade móvel de saúde, com consultório de dentista e ginecologista. Mas no final de 1990, teve início o processo de privatização da ferrovia, e ele não foi mais usado. Ficou nas oficinas em Rio Claro e em 2005 a Rede Ferroviária Federal cedeu à Prefeitura de Vinhedo, que tinha projeto de reutilizá-lo como estático. O projeto não deu certo e o carro começou a ser vandalizado e depredado. Todo o interior foi destruído, janelas furtadas, instalação elétrica, baterias, guarnições. Gazetta informou que a ABPF demonstrou porque sabia de sua trajetória e foi o ultimo exemplar sobrevivente em condições de ser recuperado, mesmo com tudo o que sofreu. A cessão foi autorizada em 2010 e o carro ficou estacionado na estação de Carlos Gomes até o início deste ano, quando começou a ser recuperado e voltou a ser de passageiro como era originalmente. "O interior é todo à moda antiga, com os desenhos e detalhes oriundos dos carros de época da Paulista, e por fora a belíssima pintura azul com a faixa creme", disse o diretor. Já o vagão de cargas era muito usado para cargas ensacadas como café, açúcar, algodão do interior do Estado, alcançando Jundiaí e seguia até o porto de Santos. De alguns anos para cá, era usado como vagão de depósito para guarda de material de manutenção de uso da via permanente. Ele ficou estacionado no pátio central de Campinas até dezembro de 2018, quando foi cedido a ABPF em parceria com a Rumo e Dnit. Seu exterior já recebeu nova pintura e readequação dos truques e freios. Não terá uso específico e sim a preservação do exemplar e poderá ser usado para filmagens de época e eventos.

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