Centro de Memória revela como a atuação judicial foi decisiva para as conquistas sociais
O desembargador Fernando da Silva Borges, terça-feira, na abertura das novas instalações do Centro de Memória, Arquivo e Cultura, em Campinas; no destaque,r o recibo de venda de uma escrava, datado de 13 de dezembro de 1859 (Dominique Torquato/AAN)
Campinas passou a abrigar, terça-feira, as novas instalações do Centro de Memória, Arquivo e Cultura (CMAC) do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15º Região. O espaço de 277 metros quadrados, no 4º andar do tribunal, disponibiliza para a visitação pública um acervo impecável sobre o avanço das relações trabalhistas no Brasil. Há documentos raros, obras de arte, painéis fotográficos, totens interativos e até mobília de época, que resgatam episódios históricos marcantes. O material trata de temas como a exploração da mão de obra escrava, a presença imigrante na lavoura, o início da industrialização, a organização sindical, a consolidação das leis do trabalho, o secular comércio nas ruas. A proposta do centro de memória é dar, ao visitante, a noção exata sobre como a atuação judicial foi decisiva para as conquistas sociais ao longo do tempo. Antes, o CMAC funcionava na Sede Administrativa do TRT, na Rua Dr. Quirino. O novo centro, na Rua Barão de Jaguara, é dotado de recursos audiovisuais de última geração. Ali se resume o trabalho dedicado de uma equipe de 22 profissionais, que trabalha na garimpagem de processos importantes, na recuperação de papéis e na digitalização de documentos. São técnicas museológicas de última geração. O passeio tem tudo para encantar estudantes, historiadores, pesquisadores e o público em geral. Entre as preciosidades, há um contrato de compra e venda de escravos e uma carta de alforria. Ou o tocante painel com fotografias do mineiro Assis Horta, pioneiro no registro da memória trabalhista. Estão ali as fotografias usadas nas primeiras carteiras de trabalho, e as imagens posadas em estúdio das famílias de cada trabalhador. São imagens emocionantes. Imperdível também é o setor com painéis gigantescos que reproduzem obras de arte consagradas. A evolução laboral é traduzida pelos traços geniais de Lasar Segall, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari. O novo centro de memória também é interativo. Um outro painel fotográfico convida a população a contribuir ativamente com o processo de formação da mostra, com a cessão de imagens de seus parentes e antepassados exercendo os mais diversos ofícios. O CMAC também exibe vídeos gravados com depoimentos sobre a atuação do TRT desde a fundação da Regional. Não falta nem mobília de histórica. Como uma mesa pesadíssima, em madeira de lei, que na década de 1940 decorava a antiga Junta de Conciliação de Julgamento. A prateleira guarda uma enciclopédia jurídica histórica, e o setor tem à mostra uma elegante toga de época.