alimentação

Ação resgata boa fama do morango

Sendo assim, e justamente para reverter essa "má fama" da fruta, é que a pesquisadora da Embrapa Fagoni Calegario trabalha

Adriana Giachinni
01/08/2019 às 09:36.
Atualizado em 30/03/2022 às 21:51

Rico em vitamina C. Faz bem para o coração. Fortalece as defesas do organismo (entre outras vantagens). Basta uma busca rápida no Google por “morango” para que apareçam inúmeros benefícios de seu consumo, assim como sugestões de sobremesas e outras guloseimas, nas quais a fruta é protagonista — e especialmente nesta época do ano, auge do cultivo. Porém, “nem tem tudo são flores (ou vantagens)” e você provavelmente já ouviu dizer que os morangos encabeçam a lista dos vegetais e frutas que contém maior quantidade de vestígios de pesticidas e agrotóxicos — segundo entidades como a ONG Environmental Working Group, dos Estados Unidos — maior produtor mundial da fruta. Sendo assim, e justamente para reverter essa “má fama” da fruta, é que a pesquisadora da Embrapa Fagoni Calegario trabalha. Ela estuda a implantação de agricultura sustentável do morango, apontando benefícios não só para a saúde, mas especialmente para o meio ambiente. “Desta forma, diminuímos o uso desnecessário de insumos como adubos e defensivos, o que, além de redução de custos para o produtor, tem grande impacto no meio ambiente. Você evita contaminação de solo, água e torna a planta mais resistente às pragas. Temos um trabalho de conscientização dos produtores para que eles deixem de ter medo e, por este motivo, diante de qualquer sinal de infestação, usem o controle químico”, explica. Em parceria com as prefeituras de Atibaia e Jarinu, e com a Associação de Produtores de Morango e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região, além do apoio de instituições de ensino e pesquisa do Estado de São Paulo, a proposta do trabalho da pesquisadora — desde 2006 — é do sistema de produção integrada que, segundo estudos, reduz o uso de pesticidas em pelo menos 50%. “Nossa proposta é fazer uso da tecnologia para reduzir ao máximo o uso de agrotóxicos. Sendo assim, priorizamos os controles biológicos e físicos”, diz. Ela explica que através do programa, busca-se principalmente o equilíbrio da planta. As adubações, por exemplo, são feitas a partir de recomendações técnicas mediante análises de solo e foliares, garantindo o fornecimento adequado de nutrientes. Trabalhamos com cursos de formação, realização de seminários, dias de campo e workshops, além de um grupo de estudos permanente onde compartilhamos nossas experiências e estratégias”, diz ela. No sistema da produção integrada, o produtor aprende a priorizar o controle biológico, que consiste, por exemplo, no caso de ocorrência do ácaro rajado (ácaro praga), no controle com a liberação de ácaros predadores (que naturalmente combatem os primeiros); ou ainda, o controle físico de umidade. “Somente depois de esgotadas todas essas alternativas é que os acaricidas serão utilizados”. O trabalho de Fagoni conta com importante parceria com a Associação de Produtores de Atibaia e Jarinu, que foi o primeiro grupo a conquistar a certificação e o direito a utilizar o selo Brasil Certificado, com o aval do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), um indicativo de agricultura sustentável na fruta. “O consumidor precisa saber da existência do selo e procurar a certificação. Isso é importante como estímulo para que mais produtores entrem no programa. Já temos algumas conquistas. Em 2017, duas grandes empresas no Rio Grande do Sul também certificaram, e comemoramos neste mês de junho a primeira certificação no Paraná. Quando os consumidores brasileiros souberem o que esse selo significa, irão começar a exigi-lo”, diz a pesquisadora. Associação divulga importância de selo Brasil Certificado No mês de julho, durante a 36ª Festa do Morango de Atibaia e Jarinu (realizada no Parque Duílio Maziero, na zona rural de Atibaia, na divisa com o município de Jarinu), foi lançado um vídeo sobre o selo Brasil Certificado e sua importância. De acordo com os produtores, é importante que os consumidores entendam que o selo identifica quem produziu, onde e qual tecnologia foi utilizada, garantindo uma produção consciente e que respeita o meio ambiente. “O trabalho da Embrapa é produzir soluções desde o começo, com as pesquisas, passando pelo uso das tecnologias e das inovações, e garantindo resultado na mesa do consumidor. Tudo isso é alcançado neste programa”, avalia a pesquisadora. Para ela, é importante o apoio da população para que, consequentemente, mais produtores busquem a certificação. “O interesse vem melhorando, mas ainda é pequeno”. "O vídeo apresenta o depoimento de diversos agricultores. Nele, Osvaldo Maziero, Presidente da Associação dos Produtores de Morango e Hortifrutigranjeiros de Jarinu e Região, fala em garantir o melhor do produto, através da certificação. A Associação tem relevante trabalho de apresentação da metodologia para interessados e está sempre oferecendo cursos na área. O próximo evento será amanhã, às 9h. “Ao longo destes anos, a Embrapa mantém Unidades Demonstrativas da Programa de Produção Integrada de Morango (PIMo) em diversos municípios, onde os produtores passam por treinamentos, adequando toda infraestrutura e adotando procedimentos técnicos de acordo com as normas e legislações, preenchendo cadernos de campo e mantendo sinalizações em vários pontos das lavouras para garantir rastreabilidade. No final do processo, as Unidades Demonstrativas passam por auditoria, que conduzirá à certificação caso seja verificada a conformidade do processo e a segurança do morango após análises microbiológica e de resíduos de agrotóxicos", explica Fagoni. A equipe do projeto fornece orientações técnicas para que haja avanço e fomento desta tecnologia para os demais agricultores. SAIBA MAIS Informações e inscrições com Marcos Albertini (11) 4414-3985 - em Jarinu Link do vídeo: https://youtu.be/NLtxytAv3PE

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