solidariedade

Ação atrai multidão atrás de comida

A solidariedade vinda de um grupo de 30 frequentadores da Lagoa do Taquaral resultou na entrega de aproximadamente mil cestas básicas ontem

Gilson Rei
03/06/2020 às 07:52.
Atualizado em 29/03/2022 às 10:25

A solidariedade vinda de um grupo de 30 frequentadores da Lagoa do Taquaral resultou na entrega de aproximadamente mil cestas básicas ontem. Uma longa fila se formou no entorno do kartódromo, composta principalmente por pessoas que perderam o emprego e que passam por dificuldades econômicas neste período de restrições na Economia e de isolamento social. A mesma ação ocorreu no sábado passado, quando 1,4 mil cestas foram disponibilizadas.  Todos que participaram e todos que foram buscar alimento ontem estavam com máscaras. Para os que chegavam à fila desprotegidos, equipamentos eram doados. Algumas pessoas respeitaram o distanciamento, porém outras contribuíram para que aglomerações se formassem, apesar da insistência dos voluntários para o respeito às regras. A ação social de entrega de cestas básicas já ocorreu quatro vezes nos últimos dois meses, geralmente aos sábados, em frente ao kartódromo da Lagoa do Taquaral, onde já existia, desde o ano passado, uma ação para a entrega de lanches, café da manhã e marmitas a moradores de rua que dormem no local. Com a pandemia, o ato ganhou novo sentido e, além dos moradores de rua, a entrega de alimentos passou a contemplar pessoas que perderam o emprego. As entregas são feitas diante de um cadastro e da apresentação de comprovante de endereço. As doações chegam de grupos de amigos e pessoas que se comunicam via redes sociais. Uma imagem vista ontem retratou muito bem a situação de muitos brasileiros nessa pandemia. Duas jovens, na faixa dos 25 anos, estavam com seis crianças menores de 8 anos tentando levar as sacolas de alimentos que tinham acabado de receber. Ficaram durante três horas na fila e estavam muito felizes por ter o que comer nos próximos dias. Eram as irmãs Celiane e Tamires Nascimento, ambas atendentes de loja desempregadas, moradoras do bairro Gleba B. Cada uma tem três filhos. Elas disseram que há muita dificuldade para colocar alimentos dentro de casa. "Foi uma bênção de Deus essa cesta e meus filhos não vão passar fome", afirmou Celiane. Grande parte dos que foram ontem receber doação é formada por desempregados. Dentre eles estava Leandro Augusto, ajudante de pedreiro que perdeu a renda com a pandemia e foi obrigado a sair da casa que alugava no Jardim Satélite Iris. "Vivo agora na rua e estou dormindo debaixo de um viaduto", afirmou. "Para me alimentar busco ajuda de pessoas que ainda olham para o próximo nesse mundo. Ainda bem que esse pessoal está ajudando", afirmou. Aparecido Dias, técnico em segurança no trabalho, foi outro cidadão que enfrentou ontem três horas de fila para ter o que comer nos próximos dias. Ele disse que é morador do Centro e está desempregado. "Fui demitido no início da pandemia. Tentei ganhar o pão de cada dia com trabalho no transporte por aplicativo, mas roubaram meu carro no bairro Santa Genebra", disse. Ontem, ele foi com amigos de carona porque não tinha dinheiro nem para o ônibus. A busca por alimento envolveu também o casal de amigos, residente na Vila Gênesis, Sabrina Yasmin da Silva, atendente de padaria, e Elias Duarte Donini, ajudante de mecânico. Os dois estão desempregados. "Fica complicado ficar sem dinheiro de repente e ter que pagar muitas pendências de energia elétrica, aluguel e farmácia", comentou Sabrina. Doações Durante a distribuição, muitas pessoas pararam no local para entregar doações de alimentos e auxiliar na campanha. Foi o caso da vendedora Dayenne Salzano e do mecânico Glauber Paltrimieri, moradores da Vila Nogueira. Ontem eles entregaram uma cesta básica completa para os voluntários que estavam ão na ação. "Graças a Deus estamos trabalhando e, mesmo com dificuldades, conseguimos reservar um pouco para comprar a cesta básica e fazer a doação. Neste momento, muita gente está sem comer e sem perspectiva de futuro", disse Dayenne. Marcos Salles, empresário que reside na região, foi também levar um pouco de ajuda, entregando duas caixas de leite. "Sempre passo aqui e deixo algum tipo de alimento para compor a cesta. Dentro das possibilidades, muita gente faz o mesmo. A situação é muito grave e não custa nada estender a mão a quem está precisando", disse. Varal Solidário foi a primeira iniciativa A entrega de cestas básicas no kartódromo do Taquaral surgiu de uma outra ação, denominada Varal Solidário, iniciada por frequentadores do local que se sensibilizaram, primeiramente, com moradores de rua da região. André Roberto Freitas, um dos organizadores, disse que no ano passado, um grupo de moradores do entorno começou a amarrar lanches no portão do kartódromo para ajudar os moradores de rua. A prática ocorreu por muitos meses com a entrega de lanches e leite em caixinha para o café da manhã. Freitas explicou que, com a pandemia, os voluntários decidiram mudar a ajuda e colocaram uma bancada com cestas básicas, que ficavam disponíveis. "Porém, a ideia não deu certo porque alguns abriam as cestas, pegava o que interessava e deixava o resto", disse. Diante disso, formou-se um grupo de voluntários para organizar as cestas e fazer as entregas. Freitas disse que uma moradora da região disponibilizou um espaço para que os voluntários pudessem fazer o empacotamento das cestas. "Tudo é feito dentro das normas de higiene e limpeza, com os lacres necessários", disse. As doações chegam de pessoas anônimas e empresas. Durante a pandemia já foram realizadas quatro entregas, sendo em média, um volume de 1,4 mil por vez.

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