Ações tentam adiar volta às aulas

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem registrado nos últimos dias movimentos contra uma eventual volta às aulas, em meio à pandemia do novo coronavírus. No dia 24 de junho, o Governo de São Paulo anunciou um plano para retomada das aulas presenciais nos 645 municípios paulistas a partir do dia 8 de setembro, com a condição de que todas as regiões do Estado se encontrassem na fase amarela do Plano São Paulo. Há menos de um mês, no entanto, o próprio Estado chegou a admitir a possibilidade de adiar um pouco mais esse retorno. Em Campinas, um abaixo-assinado foi criado na semana passada para questionar a decisão do governador João Doria (PSDB) e pressionar a Prefeitura, que informou que vai retomar as aulas presenciais na cidade assim que houver autorização do Estado. O documento, encabeçado pelo vereador Gustavo Petta (PCdoB) e que tinha até ontem tinha cerca de 3 mil assinaturas, será encaminhado no começo da semana que vem ao prefeito Jonas Donizette (PSB), ao Ministério Público (MP) e ao Governo de São Paulo. O abaixo-assinado está disponível para acesso no link: https://cutt.ly/voltaasaulas. Na última sexta-feira, o "Coletivo dos Professores de Vinhedo em Defesa da Educação Pública" também se manifestou contra a possibilidade de volta às aulas. Por meio de carta aberta, o grupo destacou que Vinhedo estabeleceu, desde a semana passada, o retorno de professores às escolas municipais contrariando as autoridades sanitárias e sem justificativa pedagógica. "Instituíram a obrigatoriedade de que os professores cumprissem um horário de 3 a 5 horas semanais na escola", destacou uma das professoras, que pediu para não se identificar. "O professor está se arriscando à toa lá", ressaltou. Em nota, a Prefeitura de Vinhedo destacou que trata o questionamento do coletivo com naturalidade e que, até o momento, não há previsão para o retorno às aulas. "Todos tiveram que alterar radicalmente suas rotinas e, particularmente na educação, também foi alterada a relação ensino e aprendizagem. Sendo assim, é natural que surjam vários questionamentos. Diante disso, a Prefeitura tem seguido as normas estabelecidas pelos órgãos superiores (MEC, Conselho Nacional de Educação, Governo Estadual)." Pesquisa popular A Prefeitura de Capivari, cidade que fica a 53 quilômetros de Campinas, decidiu consultar a população sobre a volta às aulas presenciais na rede municipal de ensino. Para isso, a Administração disponibilizou uma consulta pública em seu site. A pessoa interessada em participar deve fornecer o CPF, informar qual é a sua relação de parentesco com o estudante e destacar se é favorável ou contrário ao retorno. A pesquisa pergunta ainda ao entrevistado se ele levaria ou não seus filhos para a escola se as aulas fossem retomadas. A consulta permanecerá aberta para votos até o próximo dia 9 de agosto, no link: http://www.prefeituracapivari.sp.gov.br/destaque/consulta-publica/. Na semana passada, a Secretaria de Educação de Capivari criou uma comissão para gerenciar a pandemia do novo coronavírus na cidade, na qual, curiosamente, todos os 37 participantes se mostraram contra a volta das aulas presenciais. Em nota, a Prefeitura de Capivari explicou que o motivo de abrir uma votação popular, mesmo com o parecer negativo da própria comissão, se deu porque a consulta pública tem como objetivo dialogar com a comunidade. "É um mecanismo muito mais abrangente na escuta da população como um todo", destacou a nota. O documento frisou ainda que a volta às aulas na cidade, se houver, ocorrerá em acordo com a determinação do Governo do Estado.