Absolvição de acusado motiva ato

O Largo do Rosário, em Campinas, será palco de protesto amanhã contra a absolvição do acusado de ter estuprado a influenciadora digital Mariana Ferrer e também contra a forma que ela foi tratada — considerada humilhante e desrespeitosa — durante audiência do processo em que ela acusa o empresário André de Camargo Aranha de tê-la estuprado em um clube de luxo em Florianópolis, há dois anos. Com o tema "Justiça por Mari Ferrer", o evento marcado para as 10h foi convocado via redes sociais, e traz o texto: "Estupro culposo NÃO EXISTE! Estamos todas indignadas pela injustiça e violência que Mari Ferrer sofreu e sofre todos os dias enquanto seu estuprador está solto. Junte a sua voz a milhares que repudiam o que se sucedeu e pedem por justiça!!". Mais de 2,3 mil pessoas marcaram que têm interesse e outras 942 já confirmaram presença. O protesto é organizado pela economista e mestranda em demografia na Unicamp, Bruna Garcia, de 24 anos. Ela diz que o assunto é muito sensível para as mulheres, que em diversas situações são assediadas e têm medo de andar nas ruas e no transporte público, por exemplo. "O que me motivou é o sentimento de saber que isso pode acontecer com qualquer uma de nós, e pior do que ela sofrer a violência que sofreu, foi também a violência cometida pelo Estado", explica. Ela conta que ficou tão incomodada com a situação que evitou as redes sociais, mas que por conta da repercussão, muitas cidades começaram a planejar atos. "A Bruna Melo me procurou, porque eu ajudei na organização do 8 de março, e falou que ela e algumas amigas queriam fazer o ato. Fizemos o evento e logo diversos grupos já estavam se mobilizando, e aí a repercussão foi enorme", diz. Ela ressalta que por conta da pandemia, todas as precauções serão tomadas e os manifestantes usarão máscaras, álcool em gel e manterão o distanciamento. SAIBA MAIS O acusado foi absolvido no dia 9 de setembro pelo juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis. O promotor do caso, Thiago Carriço de Oliveira, argumentou que não houve intenção do acusado porque durante o ato sexual ele não tinha como saber que Mariana não estava em condições de consentir a relação. A tese está sendo chamada de "estupro culposo", modalidade que não existe no código penal. Na última terça-feira, imagens divulgadas pelo site The Intercept mostram parte da audiência que inocentou Aranha. Nelas, o advogado de defesa de Aranha, Cláudio Gastão da Rosa Filho, exibe cópias de fotos sensuais realizadas por Mariana quando era modelo para reforçar o argumento de que a relação foi consensual e descredibilizá-la.