PIS/PASEP

Abono garante até tablet, mas muita gente nem liga

Mais de R$ 37 milhões aguardam por beneficiários nas agências da CEF na RMC

Adriana Leite
23/05/2013 às 10:33.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:58

O brasileiro reclama que está com o bolso apertado por causa de dívidas e da inflação - mas muita gente ignora solenemente uma bela ajuda, que poderia aliviar a situação - e que está à disposição sem custo algum.

Milhares de trabalhadores da Região Metropolitana de Campinas (RMC) que têm direito ao abono salarial e aos rendimentos anuais referentes ao Programa de Integração Social (PIS) e ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) simplesmente não aparecem nas agências da Caixa Econômica Federal (CEF) para retirar seu dinheiro.

Um levantamento feito pelo banco mostra que, até o mês passado, ainda havia R$ 37,06 milhões que não foram sacados. E quem não aparecer até 28 de junho perde o direito ao recurso - o dinheiro volta para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e não pode mais ser sacado.

O valor do abono é de um salário mínimo federal (R$ 678,00) - dinheiro suficiente para ajudar a quitar dívidas ou, para quem não tem esse problema, adquirir o tão sonhado tablet.

Modelos das fabricantes CCE e Philco, por exemplo, custam entre R$ 360,00 e R$ 460,00. Ou seja, dá para comprar e ainda sobra algum dinheiro no bolso.

De acordo com a Caixa, o calendário de pagamentos dos dois benefícios, que começou em agosto e termina no final de junho, previa um montante de R$ 199,32 milhões para 320.348 trabalhadores.

Até meados de abril, 294.879 trabalhadores haviam resgatado um total de R$ 181,47 milhões. O balanço do mês anterior mostrava o pagamento de R$ 15,53 milhões para 297.879 beneficiados.

Ao todo, mais de 25,5 mil pessoas ainda não retiraram seu dinheiro.Para saber se tem direito ao abono, o trabalhador pode consultar o site da Caixa (www.caixa.gov.br) e conferir as regras de pagamento do benefício. O calendário de pagamentos é montado conforme a data de aniversário do beneficiado.

Impulso

O economista da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), Laerte Martins, afirmou que os recursos ao entrarem em circulação na economia vão impulsionar diversos segmentos - ou ajudar a reduzir a inadimplência, que este ano em Campinas já chega a R$ 45 milhões.

“Se o dinheiro que ainda não foi sacado fosse usado para pagar contas em atraso, isso reduziria muito o valor das dívidas na cidade”, ressaltou.

De acordo com a Acic, o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), mantido por ela, registrou em 2013 um total de 59.924 carnês sem pagamento há mais de 30 dias. Nos quatro primeiros meses do ano passado, foram 38.989 débitos em atraso, com valor médio de R$ 850,00.

“Na Região Metropolitana de Campinas, o montante de dívidas em atraso chega a R$ 105,8 milhões. Os recursos do abono e dos rendimentos reduziriam em 35% esse valor”, completou.

Na mão

A auxiliar de cozinha Maria de Fátima Farias retirou o dinheiro do PIS logo no início do ano-calendário. Ela se enquadra nas regras que definem quem tem direito ao abono. “Usei o dinheiro para pagar dívidas. Todo ano vou atrás desse dinheiro, que ajuda bastante”, contou.

De acordo com a CEF, recebem o abono trabalhadores cadastrados há pelo menos cinco anos no PIS-Pasep, tenham recebido em média até dois salários mínimos por mês,trabalhado pelo menos 30 dias (consecutivos ou não) durante 2011 e estejam incluídas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

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