Imóveis particulares, fechados e sem manutenção, incomodam quem anda pela região central
Ruínas de uma das plataformas de embarque da antiga rodoviária, em terreno tomado por mato e lixo (Leandro Ferreira/AAN)
Os campineiros se sentem incomodados com os prédios abandonados que poluem a paisagem da região central. São imóveis que já abrigaram hotel, maternidade, rodoviária e até mesmo centro comercial, mas que hoje estão desativados. Em alguns casos, os imóveis representam perigo. E a paisagem urbana fica agressiva. O mais preocupante, no entanto, é que os prédios são particulares, e dependem de intervenções dos próprios proprietários. Galeria Um vizinho da abandonada Galéria Pajé, pensada para ser um centro comercial popular, ao lado do Terminal Cury, afirma que a grande preocupação dos vizinhos é a segurança. "Algumas pessoas usam as instalações para dormir, de vez em quando, e nós não sabemos quem são, ou o que podem estar fazendo", afirmou o morador, que preferiu não se identificar. Segundo ele, durante o dia a situação não preocupa tanto, por conta do grande movimento no trecho. Mas à noite fica complicado. "Há pessoas entrando e saindo. E ouvimos barulhos estranhos”, contou. Para ele, o local é ponto de uso de drogas e outras atividades ilícitas. A polícia é constantemente chamada. Além disso, a aparência do prédio, que antes era de um vermelho vivo e alegre, agora é tomada por pinturas grotescas, desagradáveis. Os responsáveis falam em retomar a manutenção do prédio. Hotel Outro exemplo de precariedade é o prédio que anteriormente abrigava o luxuoso Campinas Palace Hotel, no Centro. Aberto na década de 1970 e fechado em 2004, o hotel atraía visitantes de outras cidades e estados, e era famoso na cidade pela fama da boa estrutura e atendimento. Em 2007, o imóvel foi abalado por um incêndio, e acabou embargado. O hotel abandonado, agora, virou matéria-prima até para lendas urbanas, que afirmam que um fantasma habita o quinto andar do edifício, e deixa as luzes acesas. Os tapumes que cercam o prédio foram alvo de pichações, assim como o próprio edifício, e isso só aumenta o visual agressivo. O projeto de se reinaugurar um novo hotel por ali em 2015 não saiu do papel. Procurados pela reportagem, os donos do imóvel não se manifestaram. Ana Maria Silva, vendedora de 42 anos, trabalha num brechó próximo, e afirma que a situação só piora. "É difícil. Está assim há tantos anos e nada é feito" , afirma. "Não há garantia de que o prédio vai continuar de pé". Ex-rodoviária Um dos locais abandonados de maior periculosidade é o terreno da antiga rodoviária de Campinas. O local já abrigou a Maternidade de Campinas, de 1913 a 1965, quando ela se mudou para a Avenida Orosimbo Maia. Posteriormente, no local foi instalada a estação rodoviária de Campinas. Hoje, com uma nova rodoviária funcionando, o terreno da antiga continua abandonado. Em 2015, o local foi vendido para a Rede D’Or, que tinha planos de construir um complexo da Saúde, o chamado de Hospital São Luiz. Entretanto, a obra nunca chegou a ser realizada. Atualmente, o local se tornou um depósito de lixo, tomado pelo mato. Em nota a Rede D'Or informou que vai estar tomando as providências necessárias para a manutenção e limpeza do terreno. Flavio Felizardo Moreira, barbeiro de 37 anos que atua em uma barbearia ao lado do terreno da antiga rodoviária, na Avenida Andrade Neves, diz que a situação já se prolonga desde a demolição da antiga rodoviária. "Atuo nesse local desde 2003, ou seja, antes mesmo da demolição da antiga rodoviária, e pude ver como se deteriorou", afirma. Ele conta que muitos moradores de rua usam o local como esconderijo, tanto para dormir quanto para usar drogas. Brinco O prédio anexo à sede do Guarani, na Avenida Imperatriz Dona Teresa Cristina, também é um cenário desagradável. O esqueleto de concreto foi projetado para abrigar dependências administrativas do clube, mas foi paralisado. A grande construção é alvo de pichações recorrentes. Gildo Aguinaldo, controlador de acesso de 51 anos, trabalha próximo ao local e afirma que, apesar de não representar risco para a população, o prédio abandonado (hoje usado como estacionamento) tem um visual agressivo. "O vandalismo é uma falta de respeito”, disse. Procurada pela reportagem, a administração do Guarani Futebol Clube não se manifestou.