MAU EXEMPLO

Abandono deteriora patrimônio histórico

A maior parte dos bens públicos tombados em Campinas, de museus a teatros, precisa de recuperação

Maria Teresa Costa
27/08/2013 às 08:38.
Atualizado em 25/04/2022 às 04:10
Antiga Cervejaria Colúmbia, de propriedade da Sanasa, na Av. Andrade Neves: prédio é o exemplo perfeito do abandono, com risco de desabar ( Cedoc/RAC)

Antiga Cervejaria Colúmbia, de propriedade da Sanasa, na Av. Andrade Neves: prédio é o exemplo perfeito do abandono, com risco de desabar ( Cedoc/RAC)

O mau exemplo na preservação do patrimônio histórico de Campinas vem de quem deveria dar o bom exemplo: a Prefeitura. A maior parte dos bens públicos tombados precisa de recuperação e a falta de verba para as intervenções necessárias se tornou argumento histórico. Mesmo instrumentos urbanísticos, como é o caso da transferência de potencial construtivo, que permite que proprietários de bens tombados possam ter recursos para restaurar os imóveis particulares, não são aplicados pela Prefeitura. Assim, além de não cuidar de seu patrimônio, o poder público impede que os particulares possam cuidar. Foto: César Rodrigues/AAN Homem passa em frente ao Museu da Cidade, ocupado pela Prefeitura: revisão urgente das estruturas A lista do patrimônio público degradado é razoável. Museu da Cidade, Centro de Convivência Cultural, Estação Cultura, ponte metálica do Rio Atibaia, Palácio dos Azulejos, fábrica de cerveja Colúmbia. São bens de grande visibilidade, tanto pela imponência das edificações quanto pela importância histórica.O Museu da Cidade é um dos principais exemplos do descaso. A Prefeitura ocupa o prédio por um acordo informal, sem nenhum documento da Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS), proprietária do imóvel, que autorize a posse. Há infiltrações por todo lado, que já começam a comprometer o prédio. A revisão completa do telhado, bem como das estruturas elétrica e hidráulica, é urgente. Com um acervo formado por 7 mil peças, resultado da junção de três museus que funcionavam até 1992 no Bosque dos Jequitibás (os museus Histórico, do Folclore e do Índio), o Museu da Cidade até agora não conseguiu implantar em sua totalidade o projeto museológico definido para o lugar.O Centro de Convivência tem muitas precariedades. Há fios expostos, ligações de energia clandestinas, goteiras, umidade no chão e nas paredes devido à infiltração e até esgoto a céu aberto. Do lado de fora, os problemas também são visíveis. Os pilares localizados próximos à entrada onde funcionava o setor administrativo da Orquestra Sinfônica possuem rachaduras e o chão já cedeu. As arquibancadas do Teatro de Arena encontram-se em mau estado de conservação e os primeiros degraus que dão acesso ao teatro apresentam início de erosão, o que permite que a água da chuva escoe ainda mais para dentro do teatro, contribuindo com a infiltração. Não apenas o teatro interno, mas o de Arena também tem problemas. O espaço ficou fechado por seis anos e foi reaberto no final de 2011.Já a Estação Cultura precisa de restauro no prédio principal e barracões, e a possibilidade de obter verbas federais para as obras até agora não se configurou por descaso de administrações passadas. Depois de dois anos esperando pela liberação de R$ 15 milhões prometidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a restauração da Estação Cultura e a segunda fase da preservação do Palácio dos Azulejos, a Prefeitura de Campinas descobriu que os dois projetos com pedido de verbas nunca foram enviados para Brasília.O Palácio dos Azulejos espera há oito anos pela conclusão do restauro para poder recuperar as pinturas internas, os elementos decorativos e o pátio. Único bem histórico de Campinas que é patrimônio municipal, estadual e nacional, o palácio concluiu, em 2004, a primeira fase do restauro e aguarda, desde então, autorização do Ministério da Cultura (MinC) para iniciar a captação de recursos para as obras. A segunda fase deverá consumir R$ 1,2 milhão, segundo a Coordenadoria Setorial do Patrimônio Cultural. O Palácio dos Azulejos é a sede do Museu da Imagem e do Som (MIS).A ponte metálica do Rio Atibaia, em Sousas, além de estar em processo de deterioração, as telas soltas do alambrado colocam em risco quem passa constantemente pelo local. A Prefeitura afirma que está em busca de parceria privada para restaurar o patrimônio. O prédio da antiga Cervejaria Colúmbia é o exemplo perfeito do abandono. A edificação, de propriedade da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), está tomada pela sujeira, ocupada por usuários de drogas, vítima constante de depredação e com risco de desabar. A Sanasa tentou leiloar o prédio, mas não houve interessados.

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