RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

A proteção do planeta começa em casa

Família de Campinas inicia rede de conscientização e mudança de hábitos para diminuir o volume de lixo

Cibele Vieira/ Correio Popular
29/03/2021 às 13:05.
Atualizado em 21/03/2022 às 23:03
A família Coelho reunida e empenhada na luta pela redução do lixo domiciliar como forma de contribuir para a preservação do meio ambiente e pela sustentabilidade  (Ricardo Lima/ Correio Popular)

A família Coelho reunida e empenhada na luta pela redução do lixo domiciliar como forma de contribuir para a preservação do meio ambiente e pela sustentabilidade (Ricardo Lima/ Correio Popular)

O Correio Popular publicou neste domingo (28) a primeira reportagem da série de 40 sobre sustentabilidade, previstos para o “Prêmio de Responsabilidade Ambiental”, no âmbito da parceria RAC/SANASA

Tudo começou com uma família que passou a ficar mais em casa por conta da pandemia. E passaram a vivenciar melhor algumas sensações domésticas, como perceber o tal “cheirinho de limpeza” da casa, observar a quantidade de embalagens plásticas que sobravam e o volume de lixo acumulado no final do dia. Isso gerou um certo incômodo. As crianças já tinham ouvido, na escola, sobre a importância de uma vida sustentável, o quanto a química presente nos materiais de limpeza pode ser prejudicial à água e que o planeta precisava de ajuda! Mas como começar a mudar?

Foi assim, em conversas informais, que a família resolveu sair da teoria e adotar algumas atitudes. Mas com a arraigada cultura consumista, descobriu que não é fácil construir uma consciência ecológica e, muito menos, colocar em prática. Foi preciso pesquisar na internet, ler alguns livros, conversar com pessoas que já estavam nesse caminho e, seis meses depois, começou a dar certo. A família Coelho - com os pais Luis Fernando e Renata e os filhos João Paulo (12) e Lais (9) - já reduziu em 80% o lixo orgânico de casa, e criou um grupo de WhatsApp onde cerca de 80 famílias trocam ideias sobre o desafio do lixo zero. É o grupo Juntos pela Natureza, que nasceu em julho de 2020.

Da teoria à prática

O tal cheirinho de limpeza tem um custo alto. Renata estava incomodada com tantos produtos de limpeza em embalagens plásticas, cada um com uma função ou para um ambiente especifico, e começou a ler os rótulos. Daí para descobrir que todos aqueles nomes que não temos ideia do que significam acabam contaminando rios e mares, foi um passo, ela conta. Pouca leitura bastou para descobrir que os tais parabenos, formaldeídos e outros componentes de produtos de limpeza e de higiene (como detergentes, sabão em pó, sabonetes, shampoos, desinfetantes etc), ao escorrerem pelo ralo do tanque ou da pia chegam aos rios e poluem pelas reações químicas resultantes da mistura de vários produtos.

A opção passou a ser consumir produtos biodegradáveis, que não prejudicam o ambiente ao serem descartados. Mas via de regra eles custam bem mais caros. Então, a troca de receitas voltou a ser praticada e a família passou a produzir para consumo próprio sabão liquido para lavar roupas e louças, multiuso, shampoo, desodorante e outros produtos de uso pessoal. Com apenas quatro produtos (vinagre, álcool, bicarbonato de sódio e sabão de coco natural) ela produz todos os ítens necessários para faxina da casa. E os perfuma com gotas de óleos essenciais que mais gosta. Além da certeza de não poluir a água, Renata ficou satisfeita com a qualidade da limpeza e a redução do volume de plástico no lixo.

Consciência coletiva

As crianças logo se entusiasmaram em usar uma parte do quintal para uma pequena horta, onde cultivam couve, temperos, tomates e berinjela. É a parte que mais gosto, relata João. E a composteira foi construída ao lado, depois de vários aprendizados. Nela são descartadas cascas de frutas e legumes que viram húmus e a terra é usada posteriormente na horta e em vasos. Uma das lições aprendidas é que o lixo orgânico descartado em terrenos, ao se decompor, produz um líquido chamado chorume que, em contato com o solo, pode contaminar os lençóis freáticos.

Outra mudança nos hábitos familiares foi fazer as compras em empórios que vendem a granel, um mercado em crescimento. A família leva seus próprios potes e sacos de tecido para abastecer e volta para casa sem embalagens para descartar. Mesmo assim, o próximo passo foi convencer todos os moradores do condomínio onde moram, no bairro Gramado, a aderirem a coleta seletiva. O lixo reciclado do condomínio passou a ser retirado toda semana por uma pessoa que trabalha com reciclagem. São cerca de 300 kg por semana de plástico, papelão, latas, vidros e outros produtos que seguem para seleção e reaproveitamento. Em Campinas cerca de 75% dos bairros têm coleta seletiva, que recolhe em média 220 toneladas de recicláveis por mês, distribuídas em 12 cooperativas.

Ajuda para as redes sociais

O projeto caminha bem e a adesão de novas famílias ao grupo de Whatsapp só cresce. Entretanto, para dar mais visibilidade à rica troca de ideias e informações que circulam no grupo Juntos pela Natureza seria necessário expor esse conteúdo em redes sociais. Mas essa não é a praia da família, então voluntários são bem-vindos. O e-mail para contato do grupo é [email protected]

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