A importância de Viracopos para RMC

A economia contemporânea está organizada pelas grandes empresas em redes mundiais de inovação, produção e comercialização de mercadorias. A produção de mercadorias em larga escala, de forma diversificada e fragmentada no mercado mundial, é organizada por meio de parcerias estratégicas entre empresas dispersas por diversos países e regiões integrados pela logística da cadeia de suprimentos via just-in-time.Nesse contexto, grandes portos e aeroportos tornaram-se infraestruturas estratégicas para o desenvolvimento econômico de países e regiões. São exemplos, a ampliação do Porto de Roterdã, na Holanda, para receber navios cargueiros modernos e maiores da Europa. A modernização do Aeroporto de Memphis, EUA, para transportar mais de 4 milhões de toneladas de mercadorias/ano. A construção do Aeroporto de Hong Kong, China, custou US$ 20 bilhões, necessitando de obras complementares como pontes, rodovias, ferrovias e um túnel para permitir conectividade a partir do aeroporto. Para o transporte de passageiros, o melhor exemplo é o Aeroporto de Atlanta, EUA, que transporta cerca de 90 milhões de passageiros/ano.Na Espanha temos a Plataforma Logística de Zaragoza (Plaza), debatida recentemente no Fórum Aeroportuário de Campinas e Negócios Aeroportuários (FACENA). Sua construção esteve relacionada à estagnação do Aeroporto de Zaragoza provocada pelo Trem de Alta Velocidade espanhol, que atraiu usuários desse aeroporto. A partir do potencial econômico de Zaragoza e de sua localização estratégica entre Madrid, Barcelona, Valencia e Bilbao, a Plaza representa um centro de negócios construído em uma área de 13 milhões m², por meio de Parceria Público-Privada. Organizou-se um sistema multimodal de transportes para viabilizar operações industriais via just-in-time, ao recuperar a antiga estrada de ferro para o transporte de mercadorias até o porto marítimo, além de rodovias com 4 e 6 pistas para o transporte terrestre e acesso ao Aeroporto de Zaragoza, que se recuperou ao atrair voos cargueiros.No México, o transporte de mercadorias e de passageiros está concentrado no Aeroporto Internacional da Cidade do México. Mas as dificuldades físicas e territoriais para amplia-lo provocam deseconomias para as empresas e complicações para os passageiros, como filas nas pistas e nos terminais, congestionamentos nas vias urbanas que se conectam ao aeroporto. Há escassez de slots nos horários com maior demanda e maiores custos para os usuários, além de quase excluir a aviação executiva no aeroporto. O governo reconhece que precisa de outro aeroporto com maior capacidade operacional, com adequações às necessidades atuais de mobilidade urbana e dos fluxos de mercadorias.A concentração de atividades aeroportuárias em grandes aeroportos é para reduzir custos operacionais. O transporte aéreo de mercadorias no Brasil está concentrado em Viracopos e Guarulhos. A empresa Azul elegeu Viracopos para passageiros. O Aeroporto de Memphis, para a Federal Express; Loiusville, para UPS; Los Angeles, para Atlas Air y Astar Air Cargo; Wilmington, para ABX; e Miami, para Capital Cargo e Amerijet. Na Europa, destaca-se Luxemburgo, para Cargo Lux; Amsterdam, para KLM e Martin Air; e Frankfurt, para Lufthansa.A importância de Viracopos para a economia da RMC existe como possibilidade, que depende de sua ampliação, novas rotas e empresas aéreas e políticas públicas, locais e regionais, de um lado, para garantir conectividade a partir do aeroporto, e, de outro, para internalizar, na região, partes das cadeias globais de valores das grandes empresas em redes mundiais, como forma de multiplicar emprego, renda e negócios a partir de parcerias estratégicas com essas empresas. É o que sinalizam investimentos de empresas transnacionais na RMC relacionados a Viracopos.Josmar Cappa é doutor em Economia, Pós-Doc sobre aeroportos e desenvolvimento regional, profess0r-pesquisador da PUC-Campinas, Diretor Executivo do Enaer