OPINIÃO

A importância de resolver o gargalo de água na RMC

O Sudeste brasileiro tem a maior concentração econômica e demográfica do País e transformou São Paulo e Rio de Janeiro nas primeiras megacidades do Brasil. O vacilo no gerenciamento integrado dessas áreas urbanas, no entanto, provoca atualmente um colapso no desenvolvimento dessas cidades, causando o deslocamento ou expansão de certas atividades econômicas para outras áreas num raio de 150 quilômetros.

Paulo Grandi
11/02/2014 às 11:33.
Atualizado em 24/04/2022 às 16:24

O Sudeste brasileiro tem a maior concentração econômica e demográfica do País e transformou São Paulo e Rio de Janeiro nas primeiras megacidades do Brasil. O vacilo no gerenciamento integrado dessas áreas urbanas, no entanto, provoca atualmente um colapso no desenvolvimento dessas cidades, causando o deslocamento ou expansão de certas atividades econômicas para outras áreas num raio de 150 quilômetros. A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é uma dessas regiões e recebeu investimentos nas mais variadas atividades.Um novo ciclo de investimentos, liderado pela indústria automotiva e pelo pré-sal, está gerando milhares de empregos e injeção de bilhões de reais na economia da região de Campinas. O desafio agora é evitar os efeitos negativos do adensamento populacional e urbano desorganizado que ciclos como esse pode gerar, como já ocorreu nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.Parece que o poder público sabe o que fazer para resolver os gargalos. Discursos de que faltam decisões políticas e capacidade de gestão são muitos, porém, os holofotes na maior parte do tempo são para investimentos em mobilidade urbana, habitação e energia. Os projetos do trem de alta velocidade (TAV) e a ampliação do aeroporto de Viracopos são exemplos de projetos importantes para o crescimento econômico da RMC.E qual é na realidade o maior gargalo? Na verdade o ritmo de crescimento econômico da Região Metropolitana de Campinas pode estar em risco pelo colapso dos recursos hídricos.O percentual de esgoto tratado, por exemplo, ainda é muito baixo considerando a pujança econômica já alcançada pela RMC. O Sistema Cantareira - responsável pelo abastecimento de 5,2 milhões de habitantes na bacia PCJ e 14 milhões na Grande São Paulo - é outro que preocupa por estar no limite de sua capacidade. No início do ano o Sistema atingiu somente 25% de sua capacidade, o nível mais baixo dos últimos dez anos. Caso as chuvas não se intensifiquem nos próximos meses, é provável que o Sistema Cantareira enfrente estresse hídrico já no mês de março e as vazões enviadas, tanto para as bacias PCJ como para a Grande São Paulo, sejam comprometidas para se assegurar a capacidade de armazenamento do Sistema para o período de estiagem.O poder público não pode mais descumprir metas já estabelecidas. A população deve ser informada do efetivo avanço nessa área e não somente dos recursos aplicados. Governos federal, estadual e municipal devem trabalhar juntos em projetos que beneficiem o melhor aproveitamento dos recursos hídricos da região. Direcionar a qualidade tecnológica disponível para a área hídrica, traduzindo em projetos executáveis e buscando cidades mais verdes e sustentáveis na região.Importante, também, é executar os projetos no mesmo compasso de crescimento econômico, que é a vocação de toda a região e não deve ser interrompido.Paulo Grandi é economista e professor da IBE-Fundação Getúlio Vargas

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