NOVO CAGED

A cada nove minutos, um emprego foi gerado na RMC

Desempenho considera os cinco primeiros meses do ano, quando 25,8 mil postos com carteira assinada foram criados na região

Edimarcio A. Monteiro/edimarcio.augusto@rac.com.br
02/07/2024 às 09:22.
Atualizado em 02/07/2024 às 11:18

Dona de três salões de beleza no Centro de Campinas, Márcia Mendes é uma das pessoas que está à procura de novos funcionários, mas enfrenta dificuldade para preencher as dez vagas disponíveis (Rodrigo Zanotto)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou a criação de um novo emprego com carteira registrada a cada 9 minutos no acumulado de 2024, apesar da desaceleração no ritmo em maio. Nos cinco primeiros meses do ano, 25.869 postos foram gerados, alta de 11,03% na comparação com as 23.298 vagas de igual período de 2023, de acordo com pesquisa divulgada pelo Observatório PUCCampinas com base nos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Maio foi o quinto mês consecutivo de saldo positivo, com mais 1.041 trabalhadores inseridos no mercado de trabalho, mas o resultado é o menor para o mês desde 2021. Ele representa uma redução de 51,08% em comparação aos 2.128 empregos criados em igual período de 2023.

Para a responsável pela pesquisa, a economista Eliane Navarro Rosandiski, “apesar de no acumulado o saldo de novos contratados em 2024 estar maior do que o observado em igual período do ano passado, o desempenho de maio acende um sinal de alerta para possível perda do dinamismo no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Campinas (RMC)”. De acordo com ela, que é professora da PUC-Campinas, o número de maio “é baixo” e demonstra que “o debate macroeconômico começou a contaminar esse processo (de criação de empregos)”.

A economista apontou três pontos principais como influentes: discussão em torno da alta dos gastos públicos, que podem refletir na elevação no déficit das contas do governo federal; receio do aumento dos empregos pressionar a alta da inflação em virtude da elevação do consumo; e o encerramento da queda da taxa básica dos juros, prejudicando novos investimentos que gerariam um maior número de postos com carteira assinada. Na reunião do último dia 19, o Comitê de Polícia Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu manter a Selic em 10,5% ao ano, interrompendo um ciclo, iniciado em agosto de 2023, de sete reduções.

REFLEXOS

“O mercado de trabalho é um reflexo das expectativas. Esse debate iniciado em maio acendeu o sinal amarelo em torno do que vai acontecer e já influenciou o resultado do mês. Teremos que esperar o mês de junho”, afirmou Eliane Rosandiski, ao analisar se a desaceleração na criação de empregos se manterá. Dos cinco setores econômicos, quatro ainda tiveram saldo positivo, mas apenas a construção civil teve alta em comparação a igual período do ano passado. Esse segmento gerou 260 novas vagas em maio, após ter registrado o fechamento de 828 postos em igual mês de 2023. O desempenho levou o ajudante geral Hugo Danilo da Silva a conseguir o primeiro emprego com carteira registrada aos 23 anos de idade. Ele veio de Pernambuco para Campinas há 1 ano e meio e, indicado por um primo, conseguiu vaga em uma obra no bairro Nova Campinas.

Antes, trabalhou apenas por conta. “Registrado é muito melhor. A pessoa está acobertada e garante todos os benefícios”, comemorou Hugo da Silva. Em números absolutos, o setor de serviço foi o responsável pelo maior número de vagas no quinto mês de 2024, 720, mas o resultado representou uma queda de 67,8% em relação aos 2.236 postos criados em maio de 2023. Na sequência aparecem a indústria, com 448 empregos (-54,14%), e comércio, 31 (queda de 92,79%). A agropecuária foi o único setor da RMC a ter resultado negativo em maio, fechamento de 458 vagas, principalmente por causa da sazonalidade da atividade

FALTA FUNCIONÁRIO

A cabeleireira e designer de sobrancelha Juliana Lucena conseguiu emprego apenas 15 dias após perder a vaga de gerente de supermercado. Ela não se arrependeu da troca. “Emprego tem, mas o salário é baixo”, explicou. Na nova colocação, ela reforça os ganhos com as comissões, resultando em uma renda maior. Juliana Lucena está trabalhando em um de três salões que pertencem à empresária Márcia Mendes no Centro de Campinas. Juntas, as unidades têm outras dez vagas disponíveis.

Porém, Márcia afirmou ter dificuldade para preenchêlas. “As pessoas preferem trabalhar em casa, com a possibilidade de também irem até a residência das clientes”, afirmou. Cartazes afixados na entrada de seus salões anunciam as vagas oferecidas. Os obstáculos para completar o quadro de funcionários também é vivido pelo empresário Gustavo Tannuri, que tem duas metalúrgicas, uma em Valinhos e outra em Camboriú, em Santa Catarina.

“Desde o começo do ano tenho em torno de 32 vagas que não consigo completar em função da alta rotatividade. Os jovens entram e saem com muita facilidade”, explicou. Para ele, os trabalhadores com esse perfil têm muita ansiedade e não têm medo de se aventurar em busca de um emprego com salário melhor, mesmo que temporário. “Eles dizem que depois encontrarão outro emprego para ganhar R$ 1,8 mil, R$ 2 mil. Afirmam que se não for na minha empresa, será em outra”, explicou o empresário.

Das 20 cidades da RMC, 12 ainda fecharam maio com alta na oferta de vagas. Os três municípios com melhor desempenho foram Campinas, com a criação de 839 postos de trabalho com carteira assinada em maio, Santa Bárbara d´Oeste (319) e Sumaré (250). Após registrar em abril o fechamento de 1.503 empregos, principalmente por causa das demissões na construção civil, Paulínia ensaiou teve uma recuperação e fechou o mês seguinte com saldo positivo de 146 postos.

Holambra foi a cidade da Região Metropolitana com o pior desempenho em maio, com o encerramento de 547 vagas, número influenciado pela atividade agropecuária. Depois aparecem Jaguariúna (-333 empregos) e Americana (-96). Os dados do Observatório PUC-Campinas apontaram ainda que apenas as faixas etárias de 16 até 24 anos registraram alta na oferta de empregos no quinto mês do ano, com a criação de 1.253. Por outro lado, de 25 anos até 69 ou mais teve queda. “Isso é preocupante porque mexe com a renda das famílias”, disse a economista Eliane Rosandiski.

O ponto positivo foi a manutenção da média salarial de R$ 2.354,65 dos contratados em maio no comparativo com o mês anterior. Em relação aos R$ 2.235,29 de igual de 2023, também houve praticamente estabilidade, com um ligeiro aumento real de 0,99%. O saldo na abertura de novas vagas se deu principalmente entre os trabalhadores com ensino médio e fundamental completo, com, 1.754 no total. No entanto, houve redução de vagas entre as pessoas com ensino superior completo e fundamental incompleto, com o fechamento de 713 postos. Os dados mostraram que as vagas criadas se concentraram entre as mulheres, com o salto de 1.149, enquanto entre os homens houve o encerramento de 108. A Região Metropolitana de Campinas finalizou maio com o estoque de 1.048.425 trabalhadores com carteira registrada.

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