Maioria das vítimas é formada por homens na faixa etária entre 18 e 40 anos
As vítimas de ocorrências que incluem motos são as que geralmente chegam em estado mais grave de saúde aos hospitais (Rodrigo Zanotto)
Em mais um recorte envolvendo o Maio Amarelo, as ocorrências envolvendo motociclistas ficam em primeiro lugar. Dessa vez os dados são do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Campinas (Samu). As motocicletas estão envolvidas em cerca de 63% dos casos de colisões atendidos pelo serviço. Quando o recorte envolve somente automóveis e motos, 75 % dos casos são acidentes com motocicletas. Assim como os dados de sinistralidade no trânsito, constantemente divulgados pela Emdec, o perfil principal das vítimas que chegam até o hospital Mário Gatti, divulgados pelo Samu, são de homens jovens em fase produtiva de 18 a 40 anos.
Entre o período de 24 de abril de 2024 e 22 de maio de 2025, o Samu registrou 6.722 acidentes de trânsito, o que corresponde a uma média de 600 acidentes por mês. Do total de acidentes, 2.329 envolveram automóveis e motos, sendo que 1.750 são acidentes envolvendo apenas motocicletas. Também foram registrados 703 atropelamentos, 429 ocorrências de automóveis com automóveis, 242 acidentes com o envolvimento de bicicletas, 180 casos entre motos, as demais categorias somaram 1.089 casos. Dados da Emdec reforçam os divulgados pelo Samu. De acordo com a empresa das mortes no trânsito, a primeira causa são os sinistros envolvendo motocicletas. Em 2024, foram 72 fatalidades, representando 46,45% do total de mortes, uma queda de 13,25% com relação a 2023, que registrou 83 ocupantes de motocicletas que perderam a vida. Mesmo com a queda, o número do ano passado é próximo de 2021 e 2022, quando foram registrados 69 e 71 óbitos respectivamente.
Segundo Sérgio Marcolino Rosa, coordenador do Setor de Ortopedia do Hospital Mário Gatti, as vítimas envolvendo motociclistas são as que geralmente chegam em estado mais grave de saúde nos hospitais. Ele afirmou que as vítimas estão chegando com traumas mais complexos, justamente pelas motos não terem uma proteção física, por isso o contato é direto com as partes mais suscetíveis, como perna, joelho e fêmur. "Os traumas na parte de cima do corpo são mais graves: cabeça, pulmão e coluna cervical, que podem causar traumatismo crânio-encefálico, que são as que mais ocasionam a morte."
Rosa ressaltou que os casos mais complexos são aqueles que envolvem fraturas graves, quando acontece perda de substância óssea e lesões nas partes moles, compostas por músculos, tendões, ligamentos, nervos, vasos sanguíneos e outros tecidos. "O dano de muitas partes moles é o que acaba nos levando a internações muito longas de até três meses de internação". Isso porque os pacientes que chegam com um trauma grave, normalmente precisam de um fixador externo, que aumenta o risco de infecções por conta da demora na cicatrização. Para o coordenador, o investimento cada vez maior em políticas públicas de conscientização no trânsito é o melhor caminho para evitar acidentes. "A conscientização no trânsito deve ser algo reafirmado todos os dias para que as pessoas criem o hábito de serem mais cuidadosas."
O Samu foi responsável por 90% dos atendimentos envolvendo acidentes nas vias urbanas de Campinas. Desses atendimentos 77% contaram com o apoio das ambulâncias de Suporte Básico e, os outros 23% contaram com atendimentos das ambulâncias de Suporte Avançado, que prestam assistência aos casos mais graves. Estes últimos foram encaminhados para os hospitais Mário Gatti, PUC-Campinas, HC da Unicamp e Ouro Verde. De acordo com o serviço, as ocorrências mais leves e moderadas foram encaminhadas para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). O relatório também afirma que, em alguns casos, se a pessoa estiver consciente e orientada e, se o hospital aceitar, as vítimas são encaminhadas para hospitais privados. Segundo o Mário Gatti, mesmo com o atendimento de casos graves, a maioria dos acidentados que chega ao Hospital Mário Gatti sobrevive. A evolução da medicina, do atendimento pré-hospitalar, da capacitação dos profissionais, além da renovação de frota e equipamentos, é oferecido um suporte de vida em um menor tempo, foram pontos apontados para que as vítimas em estado grave cheguem ao hospital com mais chances de sobrevivência.
Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.