EDUCAÇÃO

535 mil alunos da RMC ficarão sem merenda

Situação preocupa, já que muitos dependem do reforço alimentar

Daniel de Camargo
21/03/2020 às 12:10.
Atualizado em 29/03/2022 às 20:11

Com a suspensão das atividades escolares da rede pública, programadas a partir da próxima segunda-feira, cerca de 535 mil alunos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) podem ser afetados pela falta de merenda escolar. O fechamento das unidades de ensino foi uma das medidas tomadas pelo governo do Estado de São Paulo e prefeituras para combater a pandemia da Covid-19. Segundo levantamento realizado pela Melhor Escola, plataforma especializada em Educação Básica, com base nos dados do Censo Escolar de 2019, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 1.322 escolas públicas não abrirão na RMC, sendo que 1.306 delas oferecem refeições aos estudantes. Na maioria dos municípios, as escolas funcionaram normalmente até ontem, para que as famílias pudessem ser orientadas e se organizassem para manter os estudantes em casa. O diretor da Faculdade de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas) de Campinas, Izaías de Carvalho Borges, analisa que, além dos danos à saúde, o cenário promovido pela Covid-19 pode piorar muito às condições de vida da população, principalmente, das classes menos favorecidas. “As restrições necessárias às atividades econômicas irão provocar desemprego e queda no rendimento dos trabalhadores informais, que normalmente são os mais pobres e que dependem da escola pública inclusive para ajudar na alimentação dos filhos", contextualiza. Em Campinas, maior município da RMC, a decisão de fechar as escolas foi tomada na última segunda-feira. Das 396 instituições públicas de ensino na cidade, desde creches até as que oferecem o Ensino Médio, apenas seis não oferecem alimentação. Segundo dados da Secretaria da Educação de Campinas, a rede municipal de ensino tem 206 unidades que atendem, hoje, aproximadamente 64 mil alunos. A Secretaria de Educação de Campinas informou, em nota, que tem feito estudos para encontrar estratégias de viabilizar a alimentação escolar para os alunos em situação de vulnerabilidade. Uma das alternativas é fazer a adesão a um programa do governo federal que distribui kits lanches. No entanto, a iniciativa ainda está sendo formatada por parte da União. A Pasta informou ter “limitações legais que a obrigam a oferecer a alimentação somente na escola. O Programa Nacional de Alimentação Escolar é enfático quando alerta que a alimentação escolar é um complemento das refeições diárias enquanto o aluno está na escola”. A partir de segunda-feira, em Campinas, somente as equipes gestoras irão comparecer as escolas municipais. A orientação é que pais e responsáveis por alunos entrem em contato, se necessário, por telefone ou e-mail. Para garantir rotinas administrativas essenciais, como preservação do patrimônio, limpeza, pequenos reparos e gestão de financeira, serão mantidos funcionários e equipe gestora nas escolas estaduais. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo estuda parcerias com empresas de tecnologia para disponibilizar conteúdos por meio de ensino a distância durante o período de suspensão. A Pasta analisa a questão do fornecimento de merenda para os estudantes mais vulneráveis. 

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