pandemia

40% das empresas sofrem para honrar compromissos

Ciesp indica que 68% das indústrias registraram queda nas vendas

Daniel de Camargo
26/08/2020 às 12:37.
Atualizado em 28/03/2022 às 17:41
Empresários têm buscado linhas de financiamento para renegociação (Leandro Ferreira/AAN)

Empresários têm buscado linhas de financiamento para renegociação (Leandro Ferreira/AAN)

O último levantamento do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas para analisar os impactos da pandemia da Covid-19 informou que cerca de 40% das 494 empresas associadas à entidade, ou seja, 197, estão com dificuldade para cumprir com seus compromissos financeiros. Os dados apontam ainda que, durante o primeiro semestre deste ano, em torno de 55% (272) dos empresários adiaram o pagamento de impostos e 10,53% (52) recorreram a uma linha de crédito emergencial para honrar o salário dos funcionários. Segundo a pesquisa, 68% (336) das indústrias afiliadas registraram diminuição nas vendas dos produtos ou serviços comercializados e 15,79% (78) sofrem com inadimplência ou atrasos nos recebimentos. Por isso, detalha o estudo, 31,58% (156) dos empresários têm buscado linhas de financiamento para renegociação de dívidas e 23,68% (117) para quitar a folha de pagamento. Em coletiva de imprensa on-line realizada na manhã de ontem, o diretor do Ciesp-Campinas José Nunes Filho analisou que o pacote de medidas do governo federal será fundamental para a retomada. Nesse contexto, elogiou a prorrogação do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), formalizado na última segunda-feira. Comentou ainda que a manutenção da região na fase amarela do Plano São Paulo e futuro avanço são extremamente importantes. “Se for esperar por uma vacina, a economia quebra”, frisou. Opinou também que a atividade econômica em baixa é mais mortífera que a Covid-19, porque as pessoas não tem dinheiro para remédios, passam a se alimentar pior, entre outros. Por isso, recordou, desde o início da pandemia, pede a reclusão social apenas para idosos e grupos de risco — o isolamento vertical, que era defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Otimismo Da pesquisa anterior para essa, houve um aumento de sete pontos percentuais no número de industriais que acreditam numa retomada ainda em 2020. A quantidade subiu de 45% (222) para 52% (257). No que diz respeito aqueles que preveem que sua empresa voltará ao desempenho normal em até seis meses após o término da crise da Covid-19, o crescimento foi de 11 pontos percentuais. Atualmente, 72% (355) dos empresários associados a Ciesp-Campinas tem essa expectativa, ante 61% (301) no estudo apresentado em julho. Nunes examinou que a economia brasileira estava indo bem antes da pandemia, porém chegou ao fundo do poço em abril. Desde então, afirmou que tem se recuperado gradativamente e de forma consistente. Citou que, em abril, a projeção era queda do Produto Interno Bruto (PIB) em, pelo menos, 9%. Hoje, destacou, a retração esperada para o ano é de 5,4% e para 2021, há perspectiva de crescimento de 3,5%. Comércio Exterior A corrente do Comércio Exterior de Campinas foi 15,2% menor entre janeiro e julho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2019. De acordo com dados do Ciesp-Campinas, o montante caiu de US$ 8,218 bilhões US$ 6, 967 bilhões. Diretor de Comércio Exterior da entidade, Anselmo Riso explica que esse indicador resulta da soma dos valores exportados e importados e, por isso, é o mais relevante para qualquer análise. Os volumes movimentados mês a mês em 2020, enfatizou, têm sido bastante negativos. O déficit da balança comercial encolheu 6,1%, indo US$ 4,342 bilhões para US$ 4,079 bilhões. Entre janeiro e julho de 2020, as exportações tiveram retração de 25,5%, saindo de US$ 1,938 bilhões em 2019, para US$ 1,444 bilhões neste ano. Já as importações recuaram 12,1% na mesma comparação, despencando de US$ 6,280 bilhões para US$ 5,523 bilhões. Riso comentou que o setor mais afetado na pandemia foi o automotivo. Em contrapartida, os produtos farmacêuticos tendem a crescer, mas não de modo a suprir o volume do automotivo, que tem grande representatividade nos números da região de Campinas.

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