DOIS MESES DE EVENTO

26ª edição da Campinas Decor começa na sexta-feira

O histórico e centenário Prédio do Relógio, revitalizado, será o local da maior exposição de arquitetura, decoração e paisagismo do interior

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
27/03/2024 às 08:41.
Atualizado em 27/03/2024 às 08:41
Expositores criaram diversos tipos de espaço, como ateliês, estúdios, suítes e escritórios para visitação do público; expectativa é de 35 mil pessoas, a maior Campinas Decor da história (Rodrigo Zanotto)

Expositores criaram diversos tipos de espaço, como ateliês, estúdios, suítes e escritórios para visitação do público; expectativa é de 35 mil pessoas, a maior Campinas Decor da história (Rodrigo Zanotto)

A 26ª edição da Campinas Decor, maior exposição de arquitetura, decoração e paisagismo do interior paulista, começa na sexta-feira (29) no prédio histórico tombado do Prédio do Relógio, estrutura que tem 121 anos e onde foram produzidas, reparadas e conservadas locomotivas desde os anos 1920. A construção abrigou parte das Oficinas da Companhia Mogiana, projetadas no final do século 19, e faz parte do histórico complexo ferroviário no Centro, formado por 42 prédios, que começou a surgir em 1872 com a inauguração da estação de trens em estilo gótico vitoriano.

O evento volta a ser realizado após três anos, que foi o tempo de restauração do prédio, sendo a maior edição já realizada, ocupando 7,5 mil metros quadrados. Os 64 expositores criaram 42 espaços entre livings, estúdios, ateliês, suítes, banheiros, home theater, cozinha, escritórios, estação gourmet, entre outros, além de ambientes funcionais contendo restaurante, loja e cafeteria. “Essa é a maior e mais desafiante Campinas Decor já realizado”, afirmou na terça-feira (26) o CEO administrativo e organizador da exposição, Fernando Penteado Filho.

Para ele, o lançamento do evento é uma realização pessoal, pois a mãe, Sueli Cardoso, faleceu em dezembro de 2022, quando o Prédio do Relógio era restaurado para o evento. Sueli e a empresária Stella Pastana Tozo, que também já faleceu, estavam à frente da exposição desde 2001. “Esse Campinas Decor é uma realização pessoal, é o cumprimento do legado da minha mãe, Sueli Cardoso”, disse Penteado Filho.

O evento, que tem 22 patrocinadores e apoiadores, entre eles o Correio Popular, tem expectativa de receber 35 mil visitantes em dois meses, até 26 de maio, quando será encerrado. O investimento chegou a R$ 25 milhões, feito pelos organizadores, expositores, patrocinadores e fornecedores. Outros R$ 10 milhões foram aplicados na recuperação do imóvel.

A Prefeitura de Campinas, que tem a guarda provisória do complexo ferroviário, destinou R$ 7,74 milhões, por meio de recursos de mitigação de um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), para a revitalização do Prédio do Relógio. Desse valor, R$ 7,5 milhões foram utilizados na reforma do telhado, parte elétrica e hidráulica. Outros R$ 240 mil foram utilizados para o pagamento da taxa de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) para o prédio. O espaço será usado depois pra a realização de outros eventos públicos e privados, como a Feira das Mulheres Empreendedoras e o Campinas Innovation Week (CIW), em junho.

EXPOSIÇÃO

Os espaços usados pela Campinas Decor estão distribuídos em mais de 6 mil m² do galpão, que tem 130 metros de comprimento. Ambientes elegantes e modernos estão inseridos em um prédio histórico com arquitetura original, amplo pé direito e que tem a parte central cortada pelo centenário trilho de trem usado para a movimentação das locomotivas. “A mostra une a natureza com o moderno”, disse o CEO do evento.

O paisagismo traz cor para o ambiente marcado pela estrutura de ferro, vidro nas laterais e teto e paredes construídas no início do século 20. “As novas tendências da arquitetura, paisagismo e decoração convivem com as linhas irregulares dos móveis”, analisou Penteado Filho. A mostra apresenta o que há de mais moderno em artigos para decoração, revestimentos, mobiliário, luminotécnica, automação residencial e tudo o que envolve esse universo. Nesta 26ª edição, o evento terá uma brinquedoteca onde os pais poderão deixar os filhos durante a visitação.

O Grupo Primavera, que há 43 anos mantém programas de educação complementar, cultural e profissional, terá um lounge na exposição onde apresentará sua nova coleção de bonecas. Os recursos obtidos serão destinados às atividades da organização que atende 500 crianças e adolescentes do entorno do Jardim São Marcos em situação de vulnerabilidade do social.

OUTROS EVENTOS

Vários eventos serão realizados em conjunto com o Campinas Decor. A parte central do galpão será usado para desfile de modas, shows e eventos corporativos.

A última edição da mostra foi em 2021, no prédio do Colégio Técnico da Universidade Estadual de Campinas (Cotuca), no Botafogo. De acordo com o CEO da exposição, a partir de agora, o evento volta a ser anual e está sendo avaliada a possibilidade de ter edições em outras cidades do interior, como Valinhos e Piracicaba. Elas ocorreriam alternadamente com Campinas para dar oportunidade para mais profissionais da região apresentarem seus trabalhos.

Para Penteado Filho, essa é uma evolução natural da mostra, que neste ano tem a participação de arquitetos, decoradores, paisagistas e outros profissionais de cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e de outras áreas do Estado, como Piracicaba, Cerquilho e Mogi Mirim. Até a cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, estará representada na mostra de 2024. Para a secretaria municipal de Urbanismo, Carolina Baracat Lazinho, a realização da exposição no Prédio do Relógio é importante “por ter sido revitalizado e votar a ser usado”. Antes das obras de recuperação, a oficina era usada como um depósito de carros apreendidos e levados para o pátio da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), na Vila Industrial.

A ocupação do complexo ferroviário é uma das frentes do Plano de Requalificação da Área Central de Campinas (PRAC/Nosso Centro), que visa a atrair o público para a região. A Prefeitura tem atualmente a cessão provisória da área de 117,3 mil m², o que lhe garante a guarda e a manutenção, mas negocia com o governo federal a posse definitiva. De acordo com Carolina Baracat, a expectativa é que isso ocorra até o final do ano.

A partir daí, a proposta é instalar no complexo um hub de alta tecnologia, atrair investimentos privados e desenvolver projetos públicos. Um dos prédios deverá receber eventos que hoje ocorrem na Estação Cultura (antiga Fepasa), espaço que passará a ser uma estação do Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas. O programa de requalificação da área central inclui ainda a instalação do shopping dos camelôs nos prédios do Armazém de Importação e da Nova Casa de Carros, ambos parte do complexo ferroviário, mas que não fazem parte dos prédios que serão transferidos para a prefeitura.

O uso dessas construções já havia sido autorizado antes pela União. A requalificação da área central inclui ainda outras ações, como incentivos fiscais para ocupação de prédios nessa região e obras de revitalização da Avenida Campos Sales e da Rua José Paulino.

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