Município tem 69 mil alunos matriculados em toda a rede; programa vai contemplar estudantes da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) (Alessandro Torres)
Um levantamento feito pela Prefeitura de Campinas aponta que entre 10% e 20% das crianças e adultos matriculados na rede municipal de ensino precisam de algum tipo de tratamento oftalmológico. Com o resultado, a Secretaria Municipal de Educação de Campinas vai oferecer consultas com especialistas para 14 mil alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Denominado "Visão do Amanhã", o programa será realizado em parceria com clínicas particulares credenciadas pela Secretaria.
O edital de credenciamento para as clínicas foi publicado no início deste mês, no Diário Oficial do Município, e estará aberto pelo prazo de 60 dias. A rede municipal de ensino tem 69 mil alunos matriculados. Na Educação Infantil, são 1,8 mil.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), por volta de 7,5 milhões de crianças, em idade escolar, possuem algum tipo de deficiência visual. Desse total, 25% apresentam sintomas. Entre os principais problemas visuais no público infantil estão a miopia, hipermetropia, astigmatismo, ambliopia e estrabismo.
A primeira fase do programa "Visão do Amanhã" foi realizada no primeiro semestre deste ano, quando os profissionais da Educação, após formação prévia, aplicaram o teste de Snellen nos alunos com o intuito de fazer uma primeira triagem. O teste de Snellen é uma ferramenta utilizada para avaliar a acuidade visual de uma pessoa.
O "Visão do Amanhã" vai realizar anualmente, sempre no primeiro bimestre, exames de acuidade visual nos alunos da rede. Os estudantes vão fazer uma consulta inicial que incluirá todos os exames necessários. “Oferecer esse serviço certamente contribui para a permanência dos alunos na escola. Sem contar que é uma formar de permitir que todos os estudantes tenham condições de usufruir da escola de forma integral”, disse o secretário de Educação, José Tadeu Jorge.
Em seguida, quando houver um diagnóstico de possíveis desvios ou inconformidades de visão, será emitida uma receita médica para que sejam confeccionadas lentes corretivas. Depois de tudo pronto o aluno retorna ao oftalmologista para validar os óculos, que serão cedidos pela Secretaria Municipal de Educação.
BAIXA VISÃO
Em março deste ano, em outra ação municipal, 40 alunos cegos ou com baixa visão da rede municipal receberam óculos com um dispositivo digital, que escaneia, em tempo real, e "traduz" por meio de voz, ambientes, objetos, textos e identifica pessoas. Os óculos foram destinados aos alunos da Educação Especial matriculados na rede.
“Não dá para explicar o que estou sentindo”, afirmou na ocasião Júlio César de Castro Soares, de 9 anos, aluno da Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Emílio Miotti, no Jardim Santa Lúcia. Ele tem baixa visão. “Meu filho vai ter mais independência”, comemorou a mãe Jaqueline Raquel Soares Pessoa. Para Tadeu Jorge, a proposta é oferecer ao aluno todas as ferramentas que possibilitem a absorção do conhecimento.
O investimento foi de R$ 1,2 milhão na aquisição de 81 aparelhos. Os óculos serão concedidos aos alunos para que eles usem tanto na escola quanto em casa, por meio de comodato (empréstimo).
A ferramenta de inclusão também está disponível nas 28 salas de recursos da rede municipal, local onde os alunos da Educação Especial fazem atividades de inclusão no contraturno escolar, e nos órgãos administrativos da Secretaria Municipal de Educação, que fazem atendimento público.
ARMAÇÕES
No final do ano passado, a prefeito Dário Saadi (Republicanos) também sancionou lei para fornecimento de armações de óculos com lentes de grau a todos os alunos do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) e dos cursos técnicos do Centro de Educação Profissional de Campinas (Ceprocamp). Amedida ampliou o benefício de 1.500 para mais de 4.800 pessoas.
A lei adequou e amplia a lei 14.795, de 2014, que contemplava somente parte dos alunos do EJA 1. Com isso, os óculos foram disponibilizados também aos estudantes dos demais programas: Educação Ampliada ao Longo da Vida; Consolidando a Escolaridade, do EJA 1, e os cursos técnicos do Ceprocamp; de gestão da Fundação Municipal para Educação Comunitária (Fumec), e do EJA 2 (anos finais) da Secretaria Municipal de Educação.
Além da ampliar a ação, a lei facilita os trâmites para que o aluno receba os óculos. Uma delas é para a comprovação de renda. Basta apresentar a inscrição no programa federal Cadastro Único (CadÚnico). Antes, era necessário reunir uma vasta documentação.
As receitas médicas para a confecção do par de lentes, que anteriormente deveriam ser fornecidas por consultas oftalmológicas somente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), também passaram a ser via convênio e/ou particular. Cada par de lentes é produzido a partir da receita médica levada pelo aluno e com a armação escolhida por ele, entre os modelos disponíveis.
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