100 anos no coração dos campineiros

As fotos antigas mostram os barcos enfileirados, no “ride” inesquecível onde os atletas remaram de Campinas até a Argentina, nos anos 1940. Outra imagem mostra os sócios fantasiados, posando no trampolim antes do salto nas águas do Rio Atibaia. Outro registro, mais novo, mostra o salão de baile com mesas requintadas, sócios elegantes, assoalho brilhando. Há pódios festivos, festas juninas lotadas. O Regatas tem muitas faces. E cem anos de história. Abril, o mês do aniversário, será marcado por uma série de atividades: baile de gala, selo comemorativo, corrida de rua, partida de futebol com craques do passado… Muita festa para celebrar a trajetória de um clube associativo tradicionalíssimo, campineiro até a gema. Hoje são 3,2 mil sócios titulares, e cerca de 12 mil dependentes. As mensalidades mantêm as sedes de Sousas e do Cambuí. Sob a administração do presidente Carlos Alberto Bargas, são mais de 20 modalidades esportivas, com 5 mil inscritos. E sobra espaço para atividades culturais: coral de cântico, aulas de música e de crochê. Eventos típicos, como a festa junina ou o baile havaiano, reúnem milhares de campineiros, todo ano. Mesmo em tempos de crise econômica, o Regatas sobrevive forte, e não deve um centavo. De acordo com o conselheiro nato Wagner Sotello Armani, de 67 anos — que presidiu o clube por dez anos, e hoje coordena a comissão responsável pelos festejos do centenário —, o Regatas sobreviveu às tempestades. “Com o advento dos condomínios, quando as pessoas passaram a ter piscina em casa, os clubes perdiam associados. A gente enfrentou a situação investindo em novas atrações: instalamos a academia de ginástica e o campo de futebol soçaite com grama sintética. Criamos uma brinquedoteca e abrimos novas escolinhas esportivas.” diz. “Procuramos manter o clube como um ponto de encontro das famílias.” A diretoria, admite, manteve uma estratégia administrativa clara: o pagamento da mensalidade dava acesso a todos os eventos e escolinhas, sem qualquer cobrança adicional. Política, diz Armani, que serviu para preservar a fidelidade do associado. E que vai manter o Regatas vivo, forte, por muitas e muitas décadas. A história O Clube Campineiro de Regatas e Natação nasceu em abril de 1918, quando um grupo de amigos, com o auxílio da comunidade, inaugurou um espaço para a prática desportiva em Sousas, às margens do Rio Atibaia. No começo havia um tanque flutuante, construído em madeira, suspenso em tambores e preso à margem por cabos de aço. Lá aconteciam as aulas de natação. Na mesma época, foi construído o trampolim e o pavilhão de festas. Na década de 1930 é que o clube começou a erguer a sede do Cambuí. O terreno, que pertencia à Prefeitura, acabou inicialmente arrendado para a construção do ginásio esportivo, pista iluminada, piscina… Os associados faziam rifas e vendiam imóveis para fazer caixa e investir em obras. Só em 1953, 20 anos mais tarde, foi registrada a posse definitiva do imóvel no cartório, e o Regatas ganhou a sede próxima do Centro. O clube sempre se destacou como uma potência esportiva, e revelou atletas que se tornaram astros do esporte. Argemiro Roque no atletismo; Hugues e Paquita Jorge na luta de braço; Edith Heimpel e José Sílvio Fiolo na natação; José Ferreirinha Filho nos saltos ornamentais. Na lista de associados, aparecem outros nomes consagrados: Odette Valentino, Conceição Geremias… A relação com a comunidade era tão intensa que o clube passou a representar Campinas nos Jogos Regionais e Estaduais. “O clube se confunde com a história da cidade”, fala o dirigente.