ABASTECIMENTO

Campinas testa ozônio no tratamento da água para redução de contaminante

Ação experimental mira redução de contaminantes emergentes

Maria Teresa Costa
11/11/2013 às 09:04.
Atualizado em 26/04/2022 às 12:20

A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) está utilizando ozônio, experimentalmente, no tratamento de água para avaliar a eficácia deste elemento na desinfecção dos chamados contaminantes emergentes, substâncias presentes na água, mas que não são controladas por leis ou regulamentos. Existem mais de 800 substâncias nessa categoria, entre eles os interferentes endócrinos, substâncias onde estão hormônios, fármacos e outros contaminantes que afetam o sistema hormonal de seres humanos e animais. Os resultados da pesquisa irão embasar a decisão da empresa de integrar o sistema no tratamento da água que abastece Campinas. Segundo o diretor técnico da empresa, Marco Antônio dos Santos, serão necessários cerca de R$ 20 milhões em investimentos para agregar o ozônio no tratamento de água apenas nas estações 3 e 4, que estão em Sousas. A pesquisa é um projeto de cinco anos e está, atualmente, no segundo ano. Para poder fazer os testes, o laboratório de análise foi dotado de equipamentos para ter uma ferramenta a mais para verificação da qualidade da água. Foram adquiridos um concentrador de oxigênio, um gerador de ozônio, equipamentos de análise on-line e equipamentos para determinação de carbono em suas diversas formas. No Brasil, nenhuma companhia de saneamento faz uso desta substância. Santos explicou que esses contaminantes não são dosados porque não estão contemplados na legislação. Os primeiros resultados, segundo o o coordenador da Estação de Tratamento de Água (ETA) III e IV da Sanasa, Sidnei Lima Siqueira, mostram que o ozônio é eficiente na remoção dos fármacos, em grau superior em relação ao cloro. O projeto está sendo desenvolvido com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em dois convênios: um, com a Faculdade de Engenharia Civil, que estuda os efeitos sobre alguns protozoários e outro com o Instituto de Química, que irá fazer a parte analítica para determinação da eficiência do processo na remoção dos chamados compostos emergentes. Atualmente as pesquisas estão focadas na comprovação da eficiência do oxidante nas águas do Rio Atibaia e, em uma segunda fase, o objetivo será testá-lo nas águas do Rio Capivari, rios cujas águas abastecem o município. Durante esta fase, será possível verificar a demanda de ozônio, ou seja, quanto será consumido e também os custos da implantação e da operação. O ozônio vem sendo utilizado no tratamento e desinfecção de águas desde o início do século passado em várias partes do mundo. Ele é um forte agente oxidante e não é uma fonte intrínseca de poluição. A primeira propriedade permite que o ozônio possa oxidar uma série de compostos inorgânicos e orgânicos. Dentre as substâncias químicas ordinárias, somente o flúor possui um potencial de redução maior que o ozônio. Outros oxidantes normalmente empregados costumam levar à formação de sub-produtos (íons de metais pesados e compostos organoclorados) que podem ser, inclusive, mais tóxicos que os compostos poluentes originais. Nesse caso, o ozônio é vantajoso, porque seu produto preferencial de degradação é o oxigênio, um produto não poluente e indispensável para as atividades biológicas aeróbias dos ecossistemas aquáticos.

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