O chamado "Olhão" utilizará todo o corpo clínico e técnico da Universidade Estadual de Campinas
Segundo dados, o Brasil possui cerca de 1 milhão de cegos - pessoas que possuem menos de 10% da visão ( Cedoc/RAC)
Em até dois anos, a cidade de Campinas deverá receber a construção de um hospital especializado em oftalmologia. O chamado “Olhão” é uma iniciativa do governo do Estado e utilizará todo o corpo clínico e técnico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Durante o seminário em comemoração a “Semana de Prevenção à cegueira por catarata”, realizado na manhã desta quinta-feira (10), na Câmara Municipal de Campinas pelo vereador Roberto Alves (PRB), professor Carlos Eduardo Leite Arieta, médico oftalmologista especializado em cirurgia de catarata, revelou que a Unicamp está desenvolvendo o projeto para a viabilização do hospital e que deverá concluir os estudos em até seis meses. O médico ressalta que a vinda do hospital vai contribuir para a expansão do trabalho realizado na área oftalmológica. “Nós temos muitos médicos e técnicos especializados na área, mas falta estrutura física para potencializar os recursos humanos que já temos”, explica Arieta. Autor da lei que institui a “Semana de Prevenção à cegueira por catarata” em Campinas, o vereador Roberto Alves se comprometeu a intermediar o assunto junto ao prefeito Jonas Donizette. “Já adiantei com ele a intenção da construção do ‘Olhão’ e vou cobrar pessoalmente os esforços para que o projeto saia do papel”, garante o parlamentar. O seminário contou com a participação do médico oftalmologista José Paulo Vasconcellos. Ele apresentou estudos que mostram que o índice de cegueira por catarata aumenta nas populações residentes em países menos desenvolvidos. “Em países desenvolvidos a perda da visão decorrente da catarata aparece como terceiro principal fator, já em países subdesenvolvidos a catarata aparece em primeiro lugar das causas”, explica. De acordo com o Carlos Arieta, o Brasil possui cerca de 1 milhão de cegos – pessoas que possuem menos de 10% da visão – e a catarata ainda é a principal causa de cegueira no país, seguida de doenças como o glaucoma e vício de refração (a não utilização de óculos). “Só as pessoas que morrerem cedo não terão catarata, já que estamos falando de uma doença degenerativa e para evitar esse tipo de cegueira é preciso fazer a cirurgia”, explica. Segundo o médico, as pessoas que operam da catarata recuperam cerca de 90% da sua visão, o que é considerado um ótimo resultado, levando em conta que a maior parte dessas pessoas são idosos. Também participou do seminário a médica Denise de Oliveira que defendeu a formação de uma rede temática de saúde voltada para a especialidade de oftalmologia. “Hoje em dia o atendimento da saúde do olho é considerada de maneira secundária pelo SUS”, revela. Segundo a médica, o ideal seria poder oferecer o atendimento já nos postos de saúde, que são os chamados atendimentos primários. Representante da secretaria de Saúde de Campinas, a médica Elizabeth Amstalden apresentou dados da evolução do atendimento oftalmológico na cidade. “Atualmente temos um tempo de espera por uma consulta com um oftalmologista de um mês, esse prazo no ano passado era de até seis meses”, conta. Elizabeth admite que ainda há um longo caminho de melhora, mas acredita que a atual gestão está no caminho certo. “Realizamos 3.504 cirurgias de catarata por ano, esse valor está de acordo com o que a Organização Mundial de Saúde indica como ideal e estamos em busca de convênios para expandir ainda mais o atendimento”, conclui.