BALANÇO

Campinas tem pior epidemia de dengue da história da cidade

Desde janeiro, sete moradores morreram por complicações provocadas pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti

Gustavo Abdel
05/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 11:32
Prefeitura municipal faz ação contra dengue no Satélite Iris usandor

ebulização  (Thais de Araújo Jorge)

Prefeitura municipal faz ação contra dengue no Satélite Iris usandor ebulização (Thais de Araújo Jorge)

Os casos de dengue em Campinas subiram para 44.528 neste ano, e essa é a pior epidemia registrada na história da cidade. Dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) estadual mostram que o município representa 11,6% de todos os casos confirmados no Estado até junho, que somam 381.728. A atualização dos números ocorreu segunda-feira (1°), e a quantidade de infectados em Campinas até agora é 4,36% superior ao total de 2014, quando foram registrados 42.664. O secretário de Saúde de Campinas, Carmino Antonio de Souza, teme que o município não consiga interromper a transmissão nos próximos meses, como ocorreu no ano passado.Desde janeiro, sete moradores morreram por complicações provocadas pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Setenta porcento das mortes foram de pacientes com mais de 70 anos. Ainda existem três óbitos sendo investigados pelas autoridades, informou o secretário. Dez pessoas morreram por causa da dengue em 2014 em Campinas. Entre os registros deste ano estão 43.905 autóctones (contraídos no município), além de 623 importados (quando o paciente é infectado em outra cidade). Desde o último balanço divulgado pelo Estado, no dia 27 de maio, houve um aumento de 6.489 casos até o dia 1° de junho.O número de casos de dengue teve crescimento menos acentuado em maio, de acordo com o centro de vigilância estadual. Foram 1.491 infectados (20 deles importados), contra 11.878 durante o mês de abril (179 importados no total). Mesmo assim, a situação é considerada grave pelas autoridades do setor.Em janeiro deste ano o número de infectados pela dengue foi seis vezes maior do que no mesmo período do ano passado, e em fevereiro, quatro vezes. “O trabalho no segundo semestre será para diminuir até esgotar a transmissão. Não podemos registrar casos novos”, disse o secretário Carmino de Souza. Ele frisou que apesar de poucos casos aparecerem nos próximos meses, eles servirão como “eventos sentinelas”, ou seja, haverá um trabalho específico em cada local onde a pessoa for detectada com dengue. “Serão analisados caso a caso, com inspeção na região e fazendo o bloqueio da transmissão naquela área”, explicou.As regiões Sul e a Sudoeste lideraram os casos de dengue na cidade, diferentemente da epidemia do ano passado, quando os bairros da região Noroeste foram os mais afetados. Este ano houve também uma ampliação de casos na região Leste, que compreende boa parte da região central — e que “esparramou” o número de casos pela cidade. Os pacientes estão contaminados com o vírus tipo 1, que circula desde 2014. “Precisamos ficar atentos, pois em Marília (na região centro-oeste do Estado) foram registrados casos do vírus tipo 2”, disse o secretário. Com a possível atuação de um vírus diferente (ao todo são 4), aquele morador que já contraiu a doença uma vez poderá ser contaminado novamente. Isso não acontecerá se um mesmo tipo permanecer circulando na cidade.Vigilância constanteO secretário informou que manterá durante o restante do ano ações de combate a criadouros do mosquito transmissor da dengue. Entre elas, aumentará o efetivo para telagem de caixas d’água e nebulização, e continuará com as vistorias de imóveis fechados ou abandonados, além de campanhas de conscientização contra a doença. “Neste ano, mais de 80% dos casos confirmados foram de transmissões domésticas, e não por causa de entulhos. Não temos condições de colocar um agente em cada casa, e tem hora que dá a impressão de estarmos enxugando gelo, pois tiramos 100 toneladas de um determinado lugar e dez dias depois volta tudo. A população tem que fazer a sua parte nesse combate”, avaliou Carmino.O secretário adiantou que na próxima semana será publicado o Plano de Contingência Municipal para o Enfrentamento da Dengue e Chikungunya 2015-2016. Trata-se de um documento elaborado com o intuito de nortear a Administração na resposta às epidemias de dengue e chikungunya. O município já contava com um plano de contingência. No entanto, o material previa atribuições relativas somente à Secretaria de Saúde. Já o novo documento dará atribuições também para outras secretarias municipais, departamentos e autarquias da Prefeitura que têm responsabilidades no controle e prevenção da doença e na organização necessária para atender a situações de processos epidêmicos.ZikaCampinas investiga quatro casos de Zika vírus, considerado a primo da dengue. De acordo com o secretário Carmino de Souza, o grupo passa por estudos moleculares, já que o quadro clínico da doença se assemelha a diversas outras. Em maio, um homem de 52 anos, de Sumaré, foi confirmado como o primeiro caso de Zika vírus no Estado de São Paulo. O Zika também é transmitido pelo Aedes aegypti e outros tipos de mosquito da família e provoca sintomas parecidos com os da dengue, mas com menor gravidade. Os sintomas são febre, dores e manchas no corpo. Quem é infectado pelo Zika também pode apresentar diarreia e sinais de conjuntivite. Não existe vacina contra a doença, que é de notificação compulsória, assim como a dengue. O Ministério da Saúde já havia confirmado outros 16 casos de Zika vírus no País, sendo oito casos na Bahia e oito no Rio Grande do Norte. Outra doença também transmitida pelos mosquitos Aedes e que preocupa pela intensa dor que provoca nas articulações é a Chikungunya. Em Campinas não há registros de pacientes que contraíram a doença. 

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