Campinas é uma cidade vocacionada para a educação, e esta característica foi ratificada por duas situações recentes. Em primeiro lugar, a repercussão em torno da 4ª Semana da Educação de Campinas, encerrada ontem, após uma ampla programação, com 11 eventos, que reuniu mais de 2 mil pessoas de diferentes públicos: educadores, gestores, alunos e familiares. A 4ª Semana da Educação de Campinas foi uma iniciativa da Fundação FEAC, no âmbito do Compromisso Campinas pela Educação.Um dos destaques da Semana foi a divulgação de estudo encomendado ao Instituto Paulo Montenegro, sobre o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) de 2013 em Campinas. O estudo revelou que 30% da população de 15 a 64 anos de Campinas são analfabetos funcionais. O grupo com alfabetização plena soma 28% da população naquela faixa etária.Esta informação teve repercussão nacional na mídia. Uma cidade como Campinas, que é polo científico e tecnológico, e 11º PIB Municipal do país, com 30% de analfabetos funcionais, superando a média nacional, de 27%. Entre outros dados, a pesquisa mostrou que 6% dos membros desse grupo etário no ensino superior também são analfabetos funcionais. Ou seja, algo está fora da ordem na educação em Campinas, e com certeza em todo Brasil.Mas a própria 4ª Semana da Educação mostrou inúmeras possibilidades de qualificação da educação em Campinas e no Brasil. O desafio é somar a escola pública, a família, a comunidade em geral em torno de projetos comuns, de iniciativas voltadas para qualificar o ensino e a aprendizagem. Em vários momentos da Semana, ficou nítido o potencial de que isso aconteça, e aqui mesmo, em Campinas.O estudo em questão foi, por exemplo, o primeiro divulgado no âmbito do Observatório da Educação, também iniciativa da FEAC, na esfera do Compromisso Campinas pela Educação. O Observatório foi lançado em maio deste ano, como um recurso para democratizar informações sobre educação, que permitam a formulação de políticas públicas consistentes e eficientes para a melhoria da educação.O Observatório tem o apoio de um Conselho Deliberativo, composto por nomes que representam algumas das principais instituições educacionais do Brasil. Ou seja, mais uma vez Campinas mostra caminhos, sinaliza que há perspectivas de qualificação da educação, a partir de estudos sérios, abrangentes, multidisciplinares, como base de ações transformadoras que devem ser necessariamente coletivas. Em 2014 Campinas completa 240 anos. Um ótimo momento para um salto definitivo na educação pública local, como exemplo para o País.