JOSÉ TRASFERETTI

Campanha da Fraternidade

José Trasferetti
igpaulista@rac.com.br
11/02/2014 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 16:26

IG - JOSE TRASFERETTI (CEDOC)

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano é: “Fraternidade e Tráfico Humano” e o lema: “É para a Liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Trata-se de um momento oportuno para que todas as comunidades cristãs meditem sobre um assunto de grande importância para o cenário mundial.O tráfico humano é definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo-se á ameaça ou ao uso da força, ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outras para fins de exploração” (Protocolo de Palermo, 2003). Na verdade, o tráfico humano transforma as pessoas em instrumento de negociação, coisas, objetos, como se fosse um produto social ausente de vida e de dignidade. O tráfico humano enquanto uma ação violenta, que destrói a liberdade, assemelha-se ás situações de escravidão que constantemente vemos denunciada em nosso País e no mundo. Podemos afirmar sem sombra de dúvida que o tráfico humano é um atentado grave contra a dignidade humana, pois fere a alma do criador em sua base ontológica. A pessoa humana, segundo a visão cristã, independente da sua idade, cor, sexo, estado civil ou condição social, foi criada para receber respeito, carinho e atenção, pois em sua essência é Filho de Deus, carregando em seu corpo as marcas do Criador. As causas do tráfico humano podem ser relacionadas ao dinheiro, prazer, poder e tantas outras que sinalizam para uma ação egoísta e irresponsável que visa somente o interesse pessoal. Os que traficam o corpo humano não reconhecem nele a sua dignidade e agem de forma fria, calculista e mesquinha. Na maioria das vezes estas ações são feitas de forma dissimulada, camuflada, na calada da noite. Na verdade, o nosso cotidiano está repleto de situações de injustiças sociais, que normalmente são expostas nas páginas policias, delegacias, pronto-socorros, locais de moradia, de trabalho e, outros ambientes. As pessoas mais vulneráveis por razões morais ou mesmo de pobreza são expostas cotidianamente a situações de riscos que envolvem maus tratos, ofensas pessoais, violência física e moral. A Igreja Católica de muitos modos vem denunciando estas situações de forma veemente. O papa João Paulo II, afirma: “O comércio de pessoas humanas constitui uma chocante ofensa contra a dignidade humana e uma grave violação dos direitos humanos fundamentais”. O Concilio Vaticano II apontou a “prostituição, o mercado de mulheres e jovens e também ás condições degradantes de trabalho que reduzem operários a meros instrumentos de lucros, sem respeitar-lhes a personalidade livre e responsável como infâmias que envenenam os que as cometem e constituem uma suprema desonra ao Criador”. O papa Francisco, em sintonia com toda a Igreja, nos diz: “insisto que o tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil (desprezível), uma vergonha para as nossas sociedades, que se dizem civilizadas”. Deste modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por meio desta Campanha da Fraternidade convida todos os cristãos a uma profunda reflexão sobre a dignidade da vida humana, imagem e semelhança do Criador.

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