TRIBUTO

Cameron homenageia Thatcher no Parlamento britânico

Com 11 anos no poder, ela ostenta recorde de permanência no cargo em mais de 150 anos

France Press
10/04/2013 às 16:33.
Atualizado em 25/04/2022 às 20:54
David Cameron discursa durante sessão do Parlamento britânico que homenageia Margaret Thatcher  (France Press)

David Cameron discursa durante sessão do Parlamento britânico que homenageia Margaret Thatcher (France Press)

O primeiro-ministro conservador britânico, David Cameron, prestou homenagem nesta quarta-feira (10) a "uma mulher extraordinária que contribuiu para a grandeza do Reino Unido", em uma sessão parlamentar dedicada a Margaret Thatcher, que, mesmo depois de morta, continua dividindo os britânicos.

Os membros das duas câmaras do Parlamento interromperam suas férias de Páscoa para debater sobre o legado da ex-primeira-dama (de 1979 a 1990), que faleceu aos 87 anos na segunda-feira passada.

Cameron, herdeiro político da chamada Dama de Ferro, lembrou uma "líder extraordinária e uma mulher extraordinária", que foi a primeira e até agora a única primeira-dama do Reino Unido e que, com 11 anos no poder, ostenta o recorde de permanência no cargo em mais de 150 anos.

"Fez história, e que este seja seu epitáfio: Fez nosso país voltar a ser grande", afirmou, falando em uma Câmara dos Comuns mais cheia do que o esperado.

Cameron destacou o papel-chave que ela desempenhou nos últimos anos da Guerra Fria, e sua luta para devolver a liberdade às Ilhas Falkland (Malvinas) depois do desembarque argentino em 1982.

O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, concordou com Cameron ao considerar que Margaret Thatcher foi "uma figura única e destacada, que rompeu um molde em cada etapa de sua vida".

"O Partido Trabalhista não concordou com grande parte do que fez, e ela sempre será uma figura controvertida", afirmou. "Mas podemos estar em desacordo e também respeitar seus êxitos políticos e sua força pessoal", acrescentou, em um discurso crítico, mas sempre respeitoso.

Vários membros de seu partido, que não perdoam Thatcher pelo fechamento das minas, as privatizações ou o enfraquecimento dos sindicatos, optaram por não participar na cerimônia.

"Alguns deputados talvez acreditem que era seu dever estar lá, eu não. Seu legado foi a destruição de milhares de empregos", declarou Ronnie Campbell, um ex-minero e agora deputado trabalhista.

Paralelamente ao debate na Câmara dos Comuns, também houve uma sessão na Câmara dos Lordes, da qual Thatcher continuava sendo formalmente membro.

'Operação True Blue'

Por outro lado, os preparativos para o funeral de Thatcher na próxima quarta-feira, dia 17, prosseguiam sob o codinome "Operação True Blue" ("Azul verdadeiro", em referência à cor azul dos conservadores britânicos).

Apesar de o governo não ter comunicado ainda oficialmente a lista, espera-se que cerca de 2.300 convidados britânicos e estrangeiros, liderados pela rainha Elizabeth II - que, segundo dizem, nunca teve boas relações com Thatcher - e seu marido Phillip, duque de Edimburgo.

O filho de Thatcher, Mark, declarou nesta quarta que sua mãe teria se sentido muito honrada pela presença da soberana, que não costuma assistir aos funerais de seus primeiros-ministros, e agradeceu às inúmeras mensagens que recebeu de todo o mundo.

Apesar de anunciado pela imprensa britânica, o último presidente soviético Mikhail Gorbachev não irá a Londres devido a problemas de saúde, segundo informou um porta-voz de sua fundação.

A cerimônia fúnebre, antecedida por uma procissão pelas ruas, acontecerá na catedral de St. Paul.

Soldados dos principais regimentos que lutaram no conflito contra a Argentina pela soberania das Ilhas Malvinas em 1982 se encarregarão do transporte do caixão e participarão nas honras militares.

A fatura deste funeral cerimonial, que será cercado por um rígido dispositivo de segurança, ficará em torno dos oito milhões de libras (12,3 milhões de dólares), pagos em parte pelo governo e em parte pela família Thatcher.

O custo para o contribuinte suscitou inúmeras críticas nesta época de austeridade, mas o ministro das Relações Exteriores, William Hague, indicou à BBC que o país pode se permitir a isso.

Apesar das críticas que recebeu depois de sua morte, Margaret Thatcher é mais popular entre os britânicos do que Winston Churchill, que liderou o Reino Unido durante a II Guerra Mundial, com 28% das opiniões favoráveis frente a 24%, segundo pesquisa YouGov publicada pelo jornal The Sun.

Mas a canção "Ding, Dong! A bruxa morreu!", cantada por centenas de pessoas que saíram às ruas no Reino Unido para festejar sua morte, converteu-se num dos temas mais populares sete décadas depois de ficar famosa no filme "O Mágico de Oz".

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