EDITORIAL

Camelódromo e o resgate da área central

Correio Popular
10/05/2013 às 07:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 16:50

Uma das chagas que está encravada no Centro de Campinas é a desastrada decisão de estabelecer um ponto do comércio informal em local totalmente inadequado, sem segurança, fiscalização ou tributação justa. O camelódromo no entorno do Terminal Central de transporte coletivo existe há décadas e as administrações se sucedem sem que se apresente um projeto viável e ordenado para solucionar o que é reconhecidamente um grande problema.

O comércio informal é uma resposta alternativa ao estado de desemprego que atinge a população, em uma economia onde a distribuição de renda ainda é uma ficção distante. Na falta de trabalho, muitas pessoas se lançam no comércio de forma improvisada, vendendo o que for possível. No caso dos camelôs em Campinas, eles foram gradualmente ocupando as ruas e calçadas no entorno do terminal, onde obviamente a clientela potencial se concentra.

No governo de Izalene Tiene (PT) foi instituído o camelódromo no formato atual, com inúmeras barracas improvisadas ocupando calçadas, criando corredores de altíssimo risco, além de afetar diretamente o comércio legalmente estabelecido. A diferença de condições de tributação e a falta de fiscalização sobre a procedência do material vendido criaram uma concorrência desleal para o comércio regular, estimulando a evasão de lojas da região central.

Agora, mais uma vez se busca uma regulamentação e, talvez, uma localização mais adequada para o grupo (Correio Popular, 9/5, A4). Mais do que necessária, a intervenção corajosa da Administração municipal deverá servir para desatar os nós da informalidade levada à última consequência, em um terreno minado que está acima do controle administrativo e policial. Não apenas as questões de cadastramento e tributação estão na ordem do dia, mas a adequação das barracas em locais onde existam, no mínimo, condições de segurança e evacuação em caso de incêndio, além de resgatar o Centro de Campinas dos traficantes e prostitutas que infestam a área.

O secretário de Relações Institucionais da Prefeitura alega, com certa razão, que um problema de 20 anos não pode ser resolvido em apenas quatro meses. Não é isso que se espera, mas sim atitudes sérias e planejamento para começar o desmanche de uma área sem ordem e sem lei, que mistura trabalhadores honestos e ansiosos por um tratamento adequado com verdadeiros piratas de tudo quanto é material vendável.

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