A história do “andou bem”, “andou mal” tem circulado pela boca de vereadores nas últimas sessões. Quando é aprovado algum projeto relevante, diz-se que andou bem. No contrário, aponta-se que andou mal. E na terça-feira a Câmara Municipal andou mal. Muito mal. Depois de negar parecer a um projeto do Executivo por considerar que faltou uma informação importante e aprovar um projeto que permite a transparência nos serviços de saúde, com a divulgação das filas de espera para consultas e exames, os vereadores, notadamente os governistas, “andaram mal” ao negar outro projeto que permitiria maior transparência nos gastos públicos. O projeto previa a divulgação dos gastos da Administração Pública com publicidade. Uma informação que poderia existir sem mesmo precisar de lei. Mas a atitude quase medieval dos vereadores da situação impediu que o projeto virasse lei. Uma votação que lembra resquícios da ditadura, onde tudo ficava escondido. Um desrespeito ao contribuinte, que tem direito de saber como os recursos que ele deposita na mão dos políticos é utilizado. Mas foi tratado como um reles eleitor que serve apenas para apertar botões na urna eletrônica. Na ânsia de defender o “esconderijo” dos números, os governistas tomaram a defesa do projeto como algo a proibir a propaganda. Um falso discurso, como muitos que se vê por lá. Pior. Proibiram-se o direito de fiscalizar o Executivo, principal função do Legislativo. Dá vontade de nem acreditar.
PETISTA NA DEFESA
A situação tem sido tão controversa na Câmara que a maior defesa do autor do projeto da transparência nos gastos, o vereador Maurício Gasparini (PSDB), foi o petista Beto Cangussú. E não é preciso ser letrado em política para saber que petistas e tucanos são adversários históricos. Mas foi a ameaça descabida de denúncia por falta de decoro que levou Cangussú à tribuna.
ÀS AVESSAS
Faz sentido. Além de abrir mão de fiscalizar, agora alguns vereadores querem também impedir a fala dentro do parlamento, um espaço dedicado ao debate de ideias. Assim fica mesmo parecendo que parte dos vereadores querem a Câmara como um anexo do Executivo. Isso é ruim, muito ruim para a democracia.
METADINHA
Os vereadores de Ribeirão Preto devem analisar na sessão desta quinta-feira (18) seis projetos de vereadores e do Executivo. Três das propostas são homenagens. Há um título de cidadão ribeirão-pretano e dois nomes de logradouros públicos ou próprios municipais. Um dos projetos em pauta é de 2011 e foi apresentado pelo ex-vereador Gilberto Abreu (PV), que não disputou a reeleição para ser candidato a vice-prefeito.
CARTÃO “OURO”
No meio da discussão sobre o atendimento no Hospital das Clínicas, o superintendente Marcos Felipe de Sá, reclamou que falta a contra referência. Que o paciente entra no HC e não sai mais para outros serviços de acompanhamento, o que poderia ser feito. Depois, veio a explicação do diretor da Divisão Regional de Saúde (DRS XIII), Ronaldo Capelli. “Quem consegue entrar no HC não quer mais sair. O cartão do hospital vale mais que cartão de crédito”. Está explicado.