Cadê você?
Os médicos que acompanham o ex-presidente Lula juram de pés juntos que o câncer não voltou e ele está gozando de plena saúde.
Se isto é verdade, Lula está podendo falar, mas desapareceu da mídia desde que os movimentos populares tomaram as ruas e estradas do País.
A popularidade da presidente Dilma vem caindo rapidamente e Lula deve estar com um sorriso maroto esperando ser o plano B do PT para 2014.
Aliás, nesta crise, não foi só o Lula que sumiu. A OAB, depois da surra que levou da Câmara dos Deputados na votação da PEC 37 está com câncer na garganta e não fala mais.
A OAB muda não serve para nada. Não desejo de meu órgão de classe biscoitos amanhecidos e nem café de garrafa térmica. Quero uma OAB atuante, seja em defesa da advocacia, seja em defesa da sociedade.
Nosso presidente estadual, Marcos da Costa e nosso presidente local, Daniel Blikstein, são pessoas admiráveis, mas têm uma qualidade que não me agrada: são bonzinhos com tudo e com todos.
O exercício da advocacia, principalmente no Estado de São Paulo, o maior da federação, vem sendo inviabilizado a todo o momento e o principal motivo é a passividade da OAB diante de tudo que vem ocorrendo.
O processo digitalizado foi implantado em alguns dias, sem que a Prodesp e os advogados estivessem preparados suficientemente para tanto.
O protocolo do Fórum central foi fechado, prejudicando milhares de advogados e nosso presidente limitou-se a pedir que a medida não fosse levada adiante, comemorando seu adiamento por alguns dias.
São pequenos exemplos das consequências de uma OAB sem prestígio e boazinha.
Em meus quarenta anos de advocacia, conto nos dedos de uma mão só em que a OAB me foi útil, apesar das caríssimas anuidades cobradas por ela.
Já que a “autarquia especial” faz muito pouco pela categoria, poderia fazer algo pela sociedade brasileira.
Desde o começo das manifestações do povo contra o desgoverno que tomou conta do País, a OAB manifestou-se apenas uma vez repudiando a violência policial e a violência dos manifestantes.
O vice-governador de São Paulo Guilherme Afif Domingos está ausente do Estado há quase três meses sem autorização legislativa e acumulando cargos de forma imoral e ilegítima, mas a entidade nada fala e nada faz.
Não quero presidentes simpáticos e bonzinhos. Quero presidentes indignados com tudo o que vem ocorrendo e reagindo. Se querem continuar em cima do muro, pelo menos se filiem ao PSDB.
O povo está reagindo e as centrais sindicais tardiamente dão sinais de vida, mas a OAB continua fazendo quimioterapia para safar-se desse câncer de garganta que a impede de falar.
Não basta repudiar a violência da polícia e dos manifestantes. É preciso repudiar a violência praticada cotidianamente pelos governantes contra o povo brasileiro. Cadê você, OAB?
