ZEZA AMARAL

Brasileiros, panelas e ruas

12/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:31
Colunista Zeza Amaral (Cedoc/RAC)

Colunista Zeza Amaral (Cedoc/RAC)

No início daquele triste e distante 1992, dia sim e outro também, Lula da Silva dava entrevistas, até a cavalo, pedindo o empichamento do então presidente Fernando Collor de Mello, cujo governo se enrolou em negociatas que, comparada ao do mensalão, por exemplo, arrebanhou dinheiro de pinga barata. Collor, muitos raros leitores ainda devem se lembrar, foi empichado por crime de responsabilidade pelo Senado (antes da decisão senatorial ele renunciou ao cargo) e, anos mais tarde, após um lento processo, foi absolvido dos crimes a ele imputados pelo pleno do Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, ninguém acusou o Lula perdedor de dar um golpe no País e tampouco de querer provocar um “terceiro turno”. Afinal, tratou-se apenas de respeitar a Lei 1.079, de 10 de abril de 1950, assinada pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra e mais um timaço de brasileiros democráticos: Honório Monteiro, Sylvic de Noronha Canrobert P. da Costa, Raul Fernandes, Guilherme da Silveira, João Valdetaro de Amorim e Mello, Daniel de Carvalho, Clemente Mariani e Armando Trompowsky.E diz a lei em seu Título Único, que trata do presidente da república e ministros de Estado.   “Capítulo I - Da denúncia:Artigo 14 - É permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputados.Artigo 15. A denúncia só poderá ser recebida enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado definitivamente o cargo.Artigo 16. A denúncia assinada pelo denunciante e com a firma reconhecida, deve ser acompanhada dos documentos que a comprovem, ou da declaração de impossibilidade de apresentá-los, com a indicação do local onde possam ser encontrados, nos crimes de que haja prova testemunhal, a denúncia deverá conter o rol das testemunhas, em número de cinco no mínimo.”   A presidente Dilma Rousseff está acusando milhões de brasileiros que não votaram nela de conspirar contra o seu governo. Assim como a Louca da Argentina, Cristina Kirchner, a nossa presidente desconhece a realidade do País que governa. Ela mentiu para 100 milhões de brasileiros durante a sua campanha eleitoral e agora colhe até críticas de seus mamulengos sindicalistas que, como se viu na greve dos caminhoneiros, não conseguem liderar nem motorista de Gordini.   O panelaço que Dilma Rousseff recebeu quando fazia um discurso idiota no último domingo (9), pela televisão, não teve nada de virtual: foi colher na lata em mais de 10 capitais e sabe-se lá em quantas mais cidades: nunca antes aconteceu algo igual no País, não é, Lulla? Ou Dilma vai explicar que tudo não passou de uma estratégia federal para impulsionar o serviço informal dos nossos consertadores de panelas?   Em 2005, o publicitário Duda Mendonça confessou ter recebido US$ 10 milhões por serviços prestados à campanha eleitoral do Lulla da Sillva e o PSDB acreditou que o PT “sangraria” até a próxima eleição, deixando o empichamento de Lulla de lado. E Lulla foi reeleito; reelegeu sua sucessora; e agora o mesmo PSDB, através de seus principais líderes, FHC e o senador Aloysio Nunes Ferreira (eu votei nele) reafirmam que gostariam de ver “Dilma sangrar”, o que é uma fala estúpida, senão despida de fundamento constitucional.   Ora, todo cidadão brasileiro, como previsto na Constituição não deixa de ser um guardião das nossas leis. Tanto que ele pode pedir o empichamento de ministros, juízes, governadores, prefeitos, de membros do legislativo e até mesmo do presidente da república. E por que os políticos eleitos exatamente para isso trocam o “sangramento político” de um adversário pelos seus manifestos interesses partidários/pessoais e, assim, violentar e fazer sangrar a Lei 1.079. Ou será que ainda não entenderam que a Constituição tem de ser respeitada e protegida?   Domingo que vem (15) tem povo e panela nas ruas brasileiras. E eles que não reclamem depois. Os de lá, os de cá e quem mais estiver no meio. É isso.   Bom dia.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por