ENTREVISTA

Branco luta para superar os obstáculos no Guarani

Após um mês de trabalho, técnico bugrino fala das dificuldades, método de treinamento e perspectivas

Carlos Rodrigues
02/03/2013 às 07:35.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:30

A estreia de Branco no comando do Guarani aconteceu há exatos 30 dias, na derrota para o Bragantino, por 3 a 1. De lá pra cá, foram seis jogos, com duas vitórias, um empate e três derrotas. Apesar da situação do Bugre na tabela do Campeonato Paulista ainda estar longe de ser tranquila, a evolução do time nesse primeiro mês de trabalho do técnico é nítida. Em entrevista exclusiva ao Correio Popular, o treinador bugrino conta as dificuldades com que teve de lidar, fala de seus métodos de treinamento e dá sua opinião no assunto mais debatido do momento no futebol brasileiro: a punição ao Corinthians após a morte do torcedor boliviano.

Quais foram suas principais dificuldades nesse início de trabalho no Guarani?

No dia do jogo com o Bragantino, eu fiquei apavorado com o que vi. A maior dificuldade é chegar e pegar um processo já em andamento. Peguei um time em uma situação precária em termos de pré-temporada porque não fez teste nenhum, inclusive cardiológico, que é um negócio grave. Agora estamos tomando algumas medidas para ter uma ideia de como os atletas estão. Também tem a questão emocional. Quando cheguei aqui, tava todo mundo cabisbaixo e tive que trabalhar muito bem esse lado.

Depois de um mês, a situação já melhorou?

Precisamos ser bem coerentes. Não é porque conseguimos dois ou três resultados que já está tudo bem, mas eu sinto o time mais confiante, a autoestima dos jogadores aumentou e o coletivo começa a crescer. Não pode relaxar, tem que ter os pés no chão e suar muito, porque o campeonato é duro.

Como conseguir dar um padrão ao time sem ter comandado a pré-temporada?

É a repetição do trabalho, eu faço muito isso. Quando faz com frequência, o jogador vai acostumando, já sabe onde está o companheiro. Gosto de treinamento em campo reduzido, que é muito feito na Europa. Esse trabalho te permite compactar e dar conjunto ao time.

A situação financeira do Guarani preocupa. Como você analisa essa questão?

Respeito muito o Guarani, joguei contra várias vezes, atuei no Brinco de Ouro com a Seleção e é uma pena o que fizeram. Detonaram o clube na questão administrativa e financeira e quem paga isso é o torcedor, que é apaixonado. Futebol tem que ser gerido como empresa. Você olha um clube com a marca que tem o Guarani, numa cidade com poder aquisitivo altíssimo. O clube não merece isso.

Vê perspectiva de mudança?

Acima de tudo é preciso ter profissionalismo. Tomara que a diretoria que está aí consiga resolver, mas não vai ser de cara, é a médio e longo prazo. O futebol é o carro-chefe e se as coisas andarem bem nesse sentido, a credibilidade começa a voltar. É uma situação complicada e se a diretoria não se unir, se tiver vaidade no meio, aí não dará certo.

O assunto do momento é a punição imposta ao Corinthians após a morte do torcedor boliviano. Você concordou com a atitude da Conmebol?

Tem que punir, infelizmente quem paga é o clube. E o prejuízo financeiro do Corinthians por jogar sem torcida? O torcedor precisa ter consciência disso. É o que diz aquele ditado, se não aprende pelo amor, aprende pela dor. A criança foi assistir ao jogo e não voltou, é uma vida que se foi. Acho que tem que disciplinar mesmo.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por