opinião

Branca Lescher existe, sim!

Aquiles Reis
03/06/2020 às 15:32.
Atualizado em 29/03/2022 às 10:24

Vocês não podem deixar de ouvir o segundo álbum autoral de Branca Lescher, Eu Não Existo (independente). Cantora, compositora e poeta, Branca Lescher tem um cantar que é oxigênio. Ela desafia as normas ordinárias vigentes com a coragem de uma mulher que canta à liberdade de ser o que quiser ser. Os arranjos de Marcelo Segreto (ele que também foi o produtor musical do disco) estimulam o desejo de maravilharem. Branca traz a música nas entranhas. O que faz dela um ser que vê a arte como o objetivo central da própria existência, uma buscadora do sentido da vida... Branca Lescher existe, sim! E está aqui! Sua atuação nos remete ao Grupo Rumo, ao Premê, a Itamar Assumpção e a Arrigo Barnabé – deles vem o jeito galhofeiro de cantar versos profundos. E é também deles que vem a sua vocação para experimentalismos e dissonâncias. No CD, trazendo os arranjos de Segreto à vida, estão Fabio Manzione (batera e percussão), Sidney Ferraz Jr. (piano e acordeom), Renata Garcia (clarinete, clarinete baixo e clarone) e Alexandre Porres (intervenções eletrônicas), Rui Barossi (baixo elétrico), Fabio Bergamini (batera e percussão), Gustavo Cabelo (guitarra e cavaquinho), Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Toninho Ferragutti (acordeom), Swami Jr. (violão de sete), Mayra Viner (violoncelo) e o quarteto de cordas Quadril. Já as participações especiais nos vocais são assinadas por Marcelo Segreto, Regina Di Stasi, Paula Araujo, Claudia Fernandes Laham e Tuca Borba. Eu Existo (Branca Lescher). A intro revela a sonoridade dos arranjos de Marcelo Segreto, bem como a personalidade de Branca. Desisto (Edmiriam Modolo e BL). O clarinete, junto com o piano, deflagra o autoconhecimento da poetisa – a chama reacendida da “Vanguarda Paulista”. Antes de Mim (BL) é puro pop. Toques eletrônicos se misturam à percussão e ao clarinete baixo. Já Violeta (Edimiriam Modolo e BL) é uma declaração de amor. BL diz os versos amparada por sons eletrônicos e pelo acordeom. Salvo-Conduto (Edimiriam Modolo e BL) foi inspirada no verso de Drummond: “(...) Vai ser gauche na vida (...)”. Quase um acalanto pop, a mãe se desdobra em recomendações ao filho. Lisboa (Edimiriam Modolo e BL) é um fado. O arranjo lírico (en)canta pela voz de BL, enquanto clarinete e piano marcam a melodia. Bailado (Edimiriam Modolo e BL) vem estimulado por sons eletrônicos, com direito à guitarra portuguesa e ao violão de sete. Branca e Cristina Clara arrasam num belo duo. Taj Mahal (MS) – que música delicada e bela, meu Deus! – tem arranjo arritmo, no qual BL canta apenas com o violoncelo. Je Suis Nelson Mandela (BL), outra linda música, conta com o quarteto de cordas Quadril. BL presta emocionante tributo ao herói da libertação do povo sul-africano do racismo. Branca Lescher e Marcelo Segreto tratam a música como expoente da cultura popular brasileira, dando a ela o vital sentido da criação – uma verdadeira cunha cravada no peito do imbecil e seus comparsas.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por