Investimentos em aeroportos e aumento do número de passageiros fazem crescer a demanda
Com os brasileiros viajando cada vez mais e o aumento constante da fabricação de aeronaves, a área de aviação civil mostra-se cada vez mais promissora. E o mercado promete continuar aquecido nos próximos anos. Um relatório apresentado em setembro pela Boeing prevê a necessidade de 498 mil pilotos até 2032 no mundo, além de 556 mil técnicos de manutenção. A América Latina é um dos mercados considerados mais atraentes pela capacidade que ainda tem de expansão.O bacharelado em aviação civil ou em ciências aeronáuticas é a porta de entrada para quem deseja ingressar na carreira. Além da pilotagem, a graduação oferece inúmeras possibilidades ao estudante. Ele pode usar os conhecimentos e as técnicas para operar e fazer a manutenção de aeronaves e aeroportos, supervisionar o trabalho da tripulação e funcionamento dos equipamentos, realizar a comunicação com a torre de controle dos aeroportos, pode gerenciar aeroportos, empresas de aviação e companhias aéreas. Apesar de a legislação ainda não exigir o curso superior para ser piloto, sai na frente quem possui graduação, pela ampliação do nível de conhecimento, segundo Edson Gaspar, coordenador do curso de Aviação Civil da Universidade Anhembi Morumbi.Na Anhembi Morumbi, que oferece o curso desde 2001, a duração é de três anos e a formação, segundo Gaspar, é abrangente. “Tem a parte de pilotagem, mas foca também em outras áreas ligadas à aviação, como direito aeronáutico, gestão de recursos humanos e prevenção de acidentes. Tem também a parte de emergência e sobrevivência e empreendedorismo. Ou seja, além da formação técnica, mostramos outras áreas da aviação”, diz Gaspar. O estudante deve ficar atento a grade curricular, já que algumas faculdades focam principalmente na pilotagem. “Se, por um lado, tem um ponto positivo, por outro, o aluno se forma especificamente para ser piloto”, orienta.Atualmente, segundo Gaspar, a frota brasileira conta com 490 aviões comerciais e 19 mil aviões menores, mas esse número deve aumentar nos próximos anos. “Pessoas que nunca voaram no passado estão viajando de avião. O preço das passagens está mais acessível”, diz.De forma geral, a demanda é impulsionada pelo aumento constante na fabricação de aviões, o que segundo relatório da Boeing, exigirá uma média anual de 25 mil novos pilotos. “O volume da demanda é muito grande e a América Latina é um dos mercados mais promissores em relação à aviação, depois da Ásia, porque alguns já cresceram o que tinha para crescer e esses estão em fase de expansão.”Além da demanda aquecida, outro atrativo são os salários, que, segundo Gaspar, podem chegar a R$ 40 mil. “Na aviação regular, o copiloto ganha na faixa de R$ 5 mil a R$ 10 mil e o piloto ganha de R$ 10 mil a R$ 20 mil. Isso depende muito da jornada. Se o piloto voa 20 horas no mês, ele vai receber o adicional correspondente a isso. Já a remuneração do piloto de helicóptero varia de acordo com o modelo. Quanto maior, o salário aumenta. O inicial pode ser de R$ 5 mil, mas tem piloto de helicóptero recebendo R$ 40 mil.”Alto custoEntre os motivos da escassez de pilotos, está o alto custo da formação. A formação superior custa em média de R$ 40 mil a R$ 45 mil reais. Para tirar o brevê, o aluno também tem de acumular horas de voo. Com 40 horas, ele pode voar em seu próprio avião, por exemplo, mas não receber por isso. “Quando alcança 150 horas de voo, pode trabalhar e tirar a licença de piloto comercial, após realizar exame teórico e prático. O último degrau é o piloto de linha aérea, que precisa acumular mais de 1,5 mil horas de voo. O custo de uma hora-voo de avião custa em torno de R$ 450,00. Em helicóptero, a média é de R$ 700,00.Mesmo com o alto custo, Gaspar afirma que a formação está ao alcance de todos. “Tenho aluno de todas as origens sociais. Tenho aluno que entrou e tinha o próprio avião dele e foi dar volta ao mundo. Tenho outros que vão atuar em outras áreas da aviação enquanto, aos poucos, acumulam as horas para pilotar. Portanto, está ao alcance de todos. Recentemente, encontrei um ex-aluno em Dallas (Estados Unidos). Ele entrou para estagiar em uma empresa de táxi aéreo, foi contratado para trabalhar no setor administrativo como gestor. Em seguida, um copiloto foi promovido e ele assumiu o lugar. São exemplos das várias possibilidades que o aluno tem de ingressar no mercado”, diz o coordenador.