vinho azul ( Reprodução)
Estou bem longe de ser uma enófila conservadora, fiel a dogmas, regras, etiquetas e tradições. Pelo contrário, me considero até permissiva se comparada aos apreciadores mais disciplinados, capazes de atentar contra a própria vida caso errem a harmonização ou a temperatura do vinho. Mas, algumas notícias modernas, admito, me deixam estupefata. Como o lançamento do primeiro vinho azul da história. Azul mesmo, não com reflexos violáceos, estes sim, aceitáveis. Vinho azul, azulzinho como o Curaçao Blue da coquetelaria. A novidade, batizada de Gik, foi criada por um grupo de jovens espanhóis. Trata-se de um corte de uvas brancas e tintas, tingidas com antocianina (componente natural da casca da uva) e pigmento índigo. Pelo que entendi, a intenção é oferecer um vinho de espírito jovem e descompromissado, vocação reforçada pela adição de adoçantes (aghhh...) e pelo baixo teor alcoólico (11,5%). Já o azul teria sido eleito por se tratar de uma cor que remete a “inovação, mudança, fluidez”. Há até dicas de harmonização. Guacamole, salmão e massas com molho branco estão entre os pratos recomendados para acompanhar o Gik, que chega ao mercado custando entre R$ 30 e R$ 40. Na minha adega, esse Gik estaria ao lado do chope de vinho e do vinho sem álcool, caso eu os tivesse, claro. A rolha ecológica Mas nem todas as notícias me espantam. Algumas considero até convenientes, como a rolha de cana. Apresentada em 2013 pela empresa Nomacorc - Select Bio, só agora ela começa a ser utilizada para vedar garrafas de vinho. A americana Avalon Winery está distribuindo 240 mil caixas de Cabernet Sauvignon com a rolha, uma opção de pegada ecológica, já que representa uma alternativa viável à versão sintética (à base de petróleo) e à tampa de rosca, de metal. A origem vegetal e sustentável do novo acessório tem a vantagem extra de se aproximar da clássica cortiça do sobreiro, cuja extração está cada vez mais difícil e cara. Ainda não se compara ao charme desta, mas já é bem mais interessante. Outras vinícolas devem seguir o exemplo.Elas e a taça Outra notícia quentinha vem da London School of Economics. Uma pesquisa realizada pela instituição sugere que universitárias consomem mais vinho e outras bebidas alcoólicas do que mulheres com menor grau de instrução. Diz o estudo que com os homens a relação entre gosto pela bebida e grau de instrução também existe, mas bem menos acentuada do que com o público feminino. E chega a cravar: mulheres cultas são 71% mais propensas a beber durante a semana. Os pesquisadores acompanharam pessoas do sexo feminino e masculino que nasceram em uma mesma semana de 1970, na Grã-Bretanha. Os testes foram feitos enquanto os voluntários estavam na fase escolar. Daí, a conclusão é de que quanto mais culta a mulher, maior é a tendência dela beber regularmente. Ainda segundo estudo, o estilo de vida urbano e livre expõe mais a mulher atual ao consumo de álcool. A mim não surpreende. Saúde!