Para Igreja, proposta submeteria as crianças e jovens a um processo de esvaziamento de valores cultivados na família, fundamento insubstituível para a construção da sociedade
D. Airton José dos Santos agora preside a Regional Sul 1 da CNBB ( Dominique Torquato/ AAN)
Os bispos do Estado de São Paulo, que integram a Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgaram na quinta-feira (11) nota criticando a inclusão da ideologia de gênero nos planos municipais de educação. Para o episcopado paulista, que desde quarta-feira é presidido pelo bispo de Campinas, d. Airton José dos Santos, as consequências da introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas “contradiz frontalmente a configuração antropológica de família, transmitida há milênios em todas as culturas. Isso submeteria as crianças e jovens a um processo de esvaziamento de valores cultivados na família, fundamento insubstituível para a construção da sociedade”. Os bispos defendem que o ensino religioso seja incluído nos planos municipais.Em Campinas, a ideologia de gênero não estará no Plano Municipal de Educação. O projeto do prefeito Jonas Donizette (PSB) que chegou à Câmara Municipal não faz menção à ideologia e a maioria dos vereadores já se manifestaram contrários a inclusão no plano e, por isso, não deve ser apresentada emenda. Tema polêmico, a ideologia de gênero afirma que o homem e a mulher não diferem pelo sexo, mas pelo gênero, e que este não possui base biológica, sendo apenas uma construção socialmente imposta ao ser humano, através da família, da educação e da sociedade. Assim, as pessoas não nascem homens ou mulheres, mas são elas próprias condicionadas a identificarem-se como homens, como mulheres, ou como um ou mais dos diversos gêneros que podem ser criados pelo indivíduo ou pela sociedade.Para os bispos, a ideologia “subverte o conceito de família, que tem seu fundamento na união estável entre homem e mulher, ensinando que a união homossexual é igualmente núcleo fundante da instituição familiar”. Conforme a nota divulgada na assembleia da Regional Sul 1 que terminou ontem em Aparecida, a ideologia de gênero, com que se procura justificar esta “revolução cultural, pretende que a identidade sexual seja uma construção exclusivamente cultural e subjetiva e que, consequentemente, haja outras formas igualmente legítimas de manifestação da sexualidade, devendo todas integrar o processo educacional com o objetivo de combater a discriminação das pessoas em razão de sua orientação sexual”.Na nota, o episcopado afirma que, “diante dessa grave ameaça aos valores da família” apela a vereadores e prefeitos uma “tomada de posição que garanta para as novas gerações uma escola que promova a família, tal como a entendem a Constituição Federal (artigo 226) e a tradição cristã, que moldou a cultura brasileira” e que seja cumprido o que dispôs o Conselho Nacional de EducaçãoEleiçãoO arcebispo de Campinas, d. Airton José dos Santos, foi eleito presidente do Regional Sul 1 da CNBB na quarta-feira. Ele sucederá o cardeal d. Odilo Pedro Scherer no comando do episcopado do Estado de São Paulo. É a primeira vez que um arcebispo de Campinas é eleito para esse cargo. O bispo da diocese de Mogi das Cruzes, d. Pedro Luis Stringhini, foi eleito vice-presidente e assumiu a função de secretário geral d. Júlio Endi Akamine, bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal da região Lapa.