ZEZA AMARAL

Besta prosa

Faço a crônica por força da palavra e do ofício. Vontade mesmo era estar em algum canto de mato

Zeza Amaral
25/09/2016 às 06:00.
Atualizado em 22/04/2022 às 22:17

Faço a crônica por força da palavra e do ofício. Vontade mesmo era estar em algum canto de mato, à beira da Mantiqueira, em um canto de rio. Coisa besta. Coisa de quem pede pouco. Coisa de gente já velha para aturar as besteiras desse mundaréu de Deus. Ou seria do Tinhoso? Já não tenho mais paciência pra ficar ouvindo conversa mole de um governo que não sabe lamber as próprias feridas que ele mesmo provocou, 12 milhões de desempregados e 50 milhões de brasileiros que não conseguem sequer pagar a conta de água e luz. É isso mesmo. E bem me lembro que os tais mandões do governo norte-americano, lá em 2008, naquela crise econômica que o Lula chamou de “marolinha”, também não sabiam lamber as suas feridas. E quem andava a pagar o tal do pato, ou do peru à califórnia, era um povo como a gente, um bando de atônitos norte-americanos que não sabiam se rezavam ou se se odiavam. Mas era um povo que chorava seus mortos, 11 de setembro, escombros, e, depois, choraram alguns milhares de jovens soldados norte-americanos que morreram no Oriente Médio atrás de terroristas. E a grande maioria da humanidade democrática nem sabe porque tudo isso aconteceu. Ao povo sempre cabe a pá e um abrir de valas. Aos mandões políticos, uma verba qualquer para a pá, bandeiras dobradas à família e discursos demagógicos. Sempre tem sido assim. E assim será até o final dos tempos, acho eu. Nada apocalíptico. Apenas constatação histórica – ou os 56 mil jovens brasileiros que morrem anualmente não são vítimas de uma guerra urbana, mais do que declarada contra o Estado de Direito? Não entendo nada de politicagem, embora tenho notícias de muitos politicalhos da nação. E, pasmem, até mesmo de muitos safados de outros continentes. Mas tenho muito entendimento de política, de uma gente realmente interessada em trabalhar em nome do povo e para o povo. São poucos, é claro, e, portanto, anônimos por suas consciências políticas. Mas nada que não poderia ser mais transparente com o voto distrital e parlamentarismo. Quem topa? Existe ainda, no momento, um repúdio sobre as ações terroristas perpetradas contra alguns símbolos norte-americanos. E, naquele dia anterior ao 11 de setembro, assassinaram o Toninho. E as duas torres de concreto armado e um prédio pentagonal foram exemplos de alguma coisa, senão de um abuso, ou melhor, de um atentado contra a Arquitetura? Com a palavra, os arquitetos. Toninho era um arquiteto. E mais que isso era um homem com compromisso com a sua cidade. Lula nunca se importou com ele. O PT nunca se importou com ele. E Celso Daniel também virou mais um petista sem importância. Não sei e duvido que alguém me explique o que é um símbolo. Duas torres derrubadas por fanáticos não significam nada para os meus arrepios. O que doeu, e ainda machuca, é que o povo norte-americano ainda não percebeu que os seus politicalhos o transformou, desde há muito, em massa de manobra. Não é um povo diferente de tantas outras nações, que é levado para uma guerra que só interessa aos safados políticos, sedentos de petróleo, armas e das almas de inocentes civis e jovens soldados. Acho que já passou a hora de cada um de nós, de qualquer nação, credo, realizar a Guerra Santa dentro do nosso peito planetário. A Terceira Guerra já começou. E ela está nos mortos das esquinas, nos assaltados, nos sequestrados ou nos executados. Os norte-americanos choram até hoje os seus mortos de Manhattan. E eu, cá na minha pequena cidadela, choro os meus mortos brasileiros. Mas isso não tem nenhuma importância para o resto do mundo. E acho também que joguei mais uma conversa fora. O PT é o partido que mais ficou no poder desde a redemocratização do país. Nos últimos treze anos, os jovens assassinados triplicaram, 12 milhões de brasileiros estão desempregados e 56 milhões estão inadimplentes com a conta de água, ou luz, ou algum boleto das casas da vida. Pior que o terrorismo político, vivemos agora os efeitos do terrorismo petista. E ele é mais nefasto que qualquer ato de um homem-bomba. E nada mais digo. É isso. Bom dia.

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