Do outro lado da linha, uma mãe desesperada pede socorro para ajudar a salvar a filha recém-nascida
Sete horas e nove minutos da manhã de quarta-feira (13). Toca o telefone de emergência da Polícia Militar - 190 - que é atendido pela soldado Fátima. Do outro lado da linha, uma mãe desesperada fala que sua filha recém-nascida - oito dias de vida - está engasgada com o leite materno e com o corpo mole.
A policial dá algumas orientações para que a mãe - Ana Cláudia de Oliveira, 37 - se acalme. Rapidamente, a ligação é transferida para a subtenente Lucéia, que está respondendo pelo Centro de Operações da Polícia Militar neste dia. O turno havia começado a apenas
"Pedi que a mãe fizesse algumas manobras de ressuscitação na criança. Enquanto ela tentava fazer o que eu ia falando, já liguei para o Samu e conversei direto com a médica", explicou Lucéia. Rapidamente, Fátima cadastrou a ocorrência e passou para as viaturas que estavam na rua.
A subtenente diz que mantinha a mãe da pequena Ana Clara na linha e ia perguntando se a criança havia voltado a respirar. A resposta era de que a menina continuava engasgada e desfalecida. Os primeiros a chegarem na casa, que fica no bairro Água Branca, foram os soldados Muller e Felipe, da 4ª Companhia. Eles estavam na avenida Comendador Luciano Guidotti.
"Chegamos em dois minutos. Vimos que a criança não respirava", disse Muller. "Pegamos ela no colo, fomos massageando as costinhas e mantendo a boquinha dela aberta, até que soltou o leite e os sinais vitais voltaram ao normal", detalhou o PM.
Os policiais entregaram mãe e filha aos cuidados da equipe médica do Samu, que as levou para o Pronto-socorro do Piracicamirim, onde a criança ficou em observação e passou por vários exames, entre eles Raio X do tórax.
Primeira Vez
Os dois policiais militares não têm filhos, trabalham em Piracicaba, mas são de fora. Estão na corporação há três anos e foi o primeiro salvamento deles durante este tempo todo. Muller, que tem 32 anos, disse que se sentiu realizado. "Foi uma experiência maravilhosa, principalmente quando vi a alegria daquela mãe ao ver que sua filha estava viva. É uma sensação tão boa, que mal dá para explicar", declarou.
Felipe, 24 anos, declarou que se sentiu honrado. "É uma felicidade tão grande, que não dá para descrever. Só estando no nosso lugar para ter noção da alegria que a gente sente em salvar uma vida", destacou.
Socorro
Antes de a PM chegar, a vizinha de Ana Cláudia, a dona de casa Luzia de Pauli, 49, que mora nos fundos da casa dela, tentou algumas manobras para desafogar a menina. "A mãe estava muito desesperada. Eu pedi: meu Deus, coloca suas mãos em minhas mãos. Consegui fazer com que a nenê soltasse um pouquinho do leite, mas ela continuou mole", declarou.
"Aí chegou a polícia e ficou tudo bem. Fomos muito bem atendidos pelos policiais militares e pelo Samu. Eles passaram muita segurança para a gente", acrescentou Luzia. Enquanto Ana Cláudia ficou com a filha no Pronto-socorro, Luzia cuidou do irmão gêmeo de Ana Clara - o Miguel. "Dei mamadeira e banho. Ainda bem que ele pegou a mamadeira", contou.
Em casa
Mãe e filha deixaram o Pronto-socorro por volta das 15h30. A reportagem tntou falar com Ana Cláudia, mas tão logo chegou do hospital ela foi descansar. Segundo familiares, a bebê estava muito bem.