A Grande FamíliaOs 12 dias em que estive envolvido com o Rally dos Sertões foram uma mudança diária de casa e vizinhos e a convivência com uma grande família. Com a mala feita, o acampamento se transformou na minha moradia. Parece uma caravana do Velho Oeste, onde mais de uma centena de caminhões, ônibus e muitos carros estão no lugar das carroças puxadas por cavalos. Esse verdadeiro bairro nômade monta e desmonta sua base diariamente. Não tem endereço fixo. Os primeiros a chegar a cada localidade são os últimos a sair - as equipes de apoio. Todo final de tarde essas pessoas nos recebem de braços abertos, como uma mãe à espera do filho que retorna da escola, e também se certificam na manhã seguinte que não vamos perder a hora, que estamos bem alimentados, que não esquecemos nada, se a mochila está pronta, conferem tudo, só não tem beijinho de despedida e quem fez a lição de casa foram eles, que trabalharam toda a noite para realizar a manutenção planejada dos veículos. Eles nos acolhem como uma família durante toda a prova. Ninguém consegue se esquecer de quem ficou em casa. Nós todos ficamos com muitas saudades de quem está ao nosso lado o ano todo e que deu e dá todo apoio para que possamos realizar este sonho de competir no Rally dos Sertões. Seria impossível estar aqui sem a força da minha esposa e a torcida dos meus filhos. Conforme os dias passam, os sentimentos vão se misturando. Se por um lado queremos voltar para o conforto do lar doce lar e estar com quem amamos, por outro, os laços de amizade com toda equipe e a caravana do rali vão crescendo. Como é bom estar com uma grande família.