Barato sai sempre caro

As pessoas me perguntam porque é tão difícil encontrar passagens superbaratas, principalmente aquelas ofertas-relâmpago que custam menos de 50 reais o trecho. A resposta é bem simples: primeiro porque não é só você que está tentando fazer a mesma compra. Na verdade, milhares de outros clientes estão clicando no site da companhia e comprando, comprando e comprando. Desta forma, quanto mais tempo passa desde o início da promoção, menos chance haverá de encontrar uma passagem barata. Outro motivo é que, na verdade, nem tudo que reluz é ouro. Normalmente a oferta só contempla um trecho, ou seja, combinar ida e volta com os mesmos descontos é muito improvável, pra não dizer impossível. Na maioria dos casos, a tal oferta acaba saindo igual ou até mais caro do que uma passagem comprada com muita antecedência ou uma outra promoção que não dê tanto desconto, mas que pelo menos contemple ambos os trechos. Muita gente tem a mania de já sair clicando que nem louco assim que recebe o aviso de promoção por email. Por mais interessante que possa parecer, comprar uma passagem aérea por impulso pode render uma bela dor de cabeça. Normalmente, compramos a passagem após decidir sobre férias, feriados e folgas. E antes de bater o martelo é preciso ler naquelas letras minúsculas quais as condições da oferta. Quem não lê corre o risco de não ter nada de volta caso precise mudar a data da viagem ou cancelar a passagem. Um exemplo foi uma promoção que agitou a internet no mês passado: passagem ida e volta para os Estados Unidos por menos de R$ 900,00. Inacreditável, principalmente em um m^s em que o dólar subiu muito em relação ao real e a crise econômica assola Brasil e Estados Unidos. Qual é a mágica? Nenhuma. A empresa estava com assentos ociosos e literalmente os leiloou. Porém, havia restrição de datas de ida e volta, multa alta pra troca de data ou cancelamento, tarifa não-elegível para pontuar milhagem, falta da possibilidade de marcar assento, etc. Ou seja, praticamente o passageiro iria de pé. Por isso, é sempre bom pensar muito antes de realizar uma compra em uma promoção que parece imperdível. As vezes é melhor pagar um pouco mais e ter uma tranquilidade, do que pagar menos e depois ficar com uma bomba nas mãos.

Eduardo Gregori é editor de turismo do Correio Popular