Ladrões visam motos caras e velozes; 4 casos foram registrados em dois meses em Campinas
Uma nova modalidade de crime está causando medo entre os motociclistas de Campinas. Antes mesmo de anunciar os assaltos, os bandidos atiram para poder roubar motos valiosas ou rápidas, que seriam usadas depois em outros crimes. Em cerca de dois meses foram registrados ao menos quatro casos. Uma das vítimas, um sargento da Polícia Militar (PM), foi atingido pelos disparos e morreu quando passava pela marginal da Rodovia Santos Dumont (SP-75).O último registro foi na tarde de quarta-feira (20), quando o empresário M.B. foi baleado ao passar pela Rodovia D. Pedro I, logo após o Ceasa. Ele foi atingido por um disparo no lado direito do quadril e o projétil ficou alojado no meio da coxa. O empresário conta que seguia pela pista esquerda quando ouviu um estampido e sentiu um impacto no quadril. “Olhei para o lado e vi um homem com uma arma apontada para mim. Acelerei para ir para a pista da direita e ele deu mais uns quatro tiros. Eu parei, eles me arrancaram de cima da moto e me mandaram correr.”Em grupoM.B. lembra que correu por cerca de 200 metros até que uma família que passava de carro pelo local ofereceu ajuda. “Eles me socorreram e levaram para o Hospital de Clínicas da Unicamp. A equipe médica de lá foi muita rápida, precisa e eficiente”, disse. Segundo o empresário, ladrões em duas motos e um Volkswagen Gol preto participaram da ação. A vítima afirmou que a Polícia Civil o procurou para colher depoimento e detalhes do assalto. “A polícia está demonstrando muito interesse em investigar e isso é ótimo. As autoridades precisam dar uma importância verdadeira para a segurança, tem que existir lei que consiga tirar as pessoas que cometem esse tipo de crime de circulação”, contou.O empresário conta que não foi o único membro da família a ser vítima da violência. No sábado, seu irmão levou um tiro em São Paulo. “Ele não sabe dizer ao certo o que aconteceu”, disse. Motociclistas que moram em Campinas estão apreensivos com os crimes. O analista de redes Rodrigo Lopes evita andar com sua moto em alguns locais da cidade onde há muita incidência de roubos. “As notícias desses crimes assustam. Vou evitar andar pela rodovia de moto para não ser visado”, afirmou. Outros casosNo último dia 14, um operador de empilhadeira de 31anos foi baleado nas nádegas durante um assalto no mesmo trecho da Rodovia D. Pedro. M.D.A. estava em uma Honda Hornet quando dois bandidos chegaram em uma moto da mesma marca, emparelharam e depois atiraram por trás. Ele parou no acostamento e os ladrões o agrediram e fugiram levando sua moto. Segundo a polícia, os assaltantes não chegaram a anunciar o roubo, apenas atiraram, obrigando-o a parar.Um caso semelhante resultou na morte de um sargento da PM no dia 18 de outubro. Júnior Conejo do Prado, de 41 anos, havia deixado o trabalho na base do Jardim Santa Terezinha e pilotava uma Hornet 600f pela Rua Eldorado, paralela com a Rodovia Santos Dumont (SP-75), na altura do Jardim Telesp, quando foi baleado pelas costas. Ele morreu no local e os bandidos fugiram com sua moto. InvestigaçãoO delegado Seccional de Campinas em exercício, José Carlos Fernandes da Silva, informou, via Secretaria de Estado da Segurança Pública, que os últimos casos registrados estão sendo investigados. No caso do latrocínio do policial militar, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) conduz a investigação e realiza diligências para esclarecer a autoria do crime. Nos outros dois casos, policiais do 3º Distrito Policial, juntamente com a DIG, têm realizado diligências e apurado informações que chegam de forma anônima. As imagens da rodovia e do Ceasa já foram requisitadas e as investigações estão em andamento. A PM, por meio do Comando de Policiamento do Interior 2 (CPI-2), informou que está intensificando o policiamento nas áreas que se mostraram mais vulneráveis. O comando também disse promover ações especiais para buscar suspeitos.