Em cartas enviadas ao Correio do Leitor, moradores do bairro alegavam que os perigos de tais manobras serem realizadas em áreas urbanas eram grandiosos, e afetavam o dia a dia de todos que por ali passam e vivem
Aeronave sobrevoa o céu campineiro: empresa Aviasom rebate as reclamações e garante que o avião não voa a menos de mil pés, como define a lei (Leandro Torres/AAN)
Uma polêmica surgiu no céu do bairro Taquaral, em Campinas, nesta semana. Um avião de pequeno porte, que sobrevoa o bairro com faixa publicitária e pronunciamentos sonoros anunciando um circo instalado na cidade, faz manobras aéreas que deixam alguns moradores preocupados com a segurança da ação. Leitores do Correio Popular demonstraram durante a semana essa preocupação com cartas enviadas e publicadas na seção do jornal Correio do Leitor. O circo está instalado no estacionamento de um hipermercado na Avenida das Amoreiras. Em cartas enviadas ao Correio do Leitor, moradores do bairro alegavam que os perigos de tais manobras serem realizadas em áreas urbanas eram grandiosos, e afetavam o dia a dia de todos que por ali passam e vivem. Em uma das cartas publicadas ontem, quarta-feira (25), na coluna, Markus Nydegger, engenheiro mecânico de Campinas, salienta que, apesar da preocupação, o problema não tem relação com o circo ou com quem trabalha nele, mas sim com a "existência de alguma lei municipal que regulamente esse tipo de propaganda aérea" . Assim como Nydegger, Armando Madeira, presidente o Conselho de Segurança (CONSEG) Taquaral, se preocupa com os problemas causados pela aeronave, que, segundo ele, passa em horários esporádicos, principalmente nos finais de semana, atrapalhando a população. Madeira afirmou que a situação já ocorre há algum tempo, e, por isso, foi atrás de alguém que pudesse resolver o problema. "Entrei em contato com o Aeroporto dos Amarais, que me informou que esses voos não estavam saindo de lá, e me indicaram entrar em contato com a Informações Aeronáuticas do Brasil (AIS). Lá, disseram que o problema precisaria ser tratado com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)" , contou o presidente do CONSEG. Ainda segundo o presidente, a ANAC lhe informou que é preciso informar o número da matrícula da aeronave, dado este que os moradores não conseguiram coletar. "Não conseguimos ver o número quando o avião passa, então não temos como fazer a reclamação formal" , explicou Madeira. O presidente explica que a população se preocupa pela altura em que o avião está seguindo seu curso, e com algumas manobras realizadas por ele. "Em uma das cartas publicadas pela coluna do Correio Popular na última semana, disseram que mal dá para ouvir o barulho, apenas quando a aeronave faz voos verticais. Esse tipo de voo em cima de área urbana é um absurdo. Um perigo iminente" , contou Madeira. Ainda segundo ele, o barulho causado pelo chamado "teco-teco" é parte do problema, principalmente quando o microfone é utilizado para fazer anúncios. No Brasil, todas as aeronaves civis, sejam elas públicas ou privadas, se submetem às regras da ANAC, segundo está previsto no Código Brasileiro de Aeronáutica, ou Lei nº 7565/86, inclusive a aeropropaganda. Procurada pela reportagem, a agência informou que os reclamantes precisam informar o número de matrícula da aeronave para verificar a situação da mesma, e que, seguindo a categoria de aeropropaganda, o avião deve seguir a legislação dessa categoria. A empresa Aviasom, terceirizada pelo circo para fazer a propaganda do espetáculo, informou que as informações passadas não procedem. "Somos inspecionados pelo controle de voo de Viracopos e São Paulo, o que impede qualquer aeronave de praticar essas manobras. Além disso, nossos aviões não voam a menos de mil pés" , explicou Francisco Gonzales, responsável pela empresa. Ainda segundo Gonzales, as aeronaves utilizadas pela Aviasom não possuem capacidade para realizar voos verticais.