Coluna publicada na edição de 9/10/16 do Correio Popular
Escrevo a coluna na noite de sexta-feira, antes portanto da partida decisiva de ontem à noite no Brinco de Ouro. Guarani x ASA e suas consequências serão assunto na terça-feira. Hoje volto a escrever sobre América-MG x Palmeiras, partida que já foi tema aqui na coluna recentemente. Quando o clube mineiro anunciou que havia vendido o mando de campo por R$ 700 mil, escrevi que a CBF não deveria permitir a troca do Independência, em Belo Horizonte, pelo Estádio do Café, em Londrina. O primeiro motivo para não autorizar tal mudança é que ela caracteriza uma inversão de mando. O Palmeiras será beneficiado porque na prática vai jogar em casa, com a torcida toda a seu favor. É uma vantagem sobre todos os times que enfrentaram o Coelho em BH. A regra básica de um campeonato de pontos corridos é que todos os times fazem o mesmo número de jogos em casa e fora. Isso jamais deveria ser desrespeitado. Para piorar a situação, o Palmeiras está brigando pelo título. De forma mais do que merecida, o time de Cuca lidera o Brasileirão. Mas é inaceitável que, nesse momento decisivo, tenha o direito de jogar em casa quando deveria ser visitante. E, importante destacar, em virtude de uma punição do STJD a torcida do Palmeiras sequer poderia entrar no estádio hoje se a partida fosse no Independência. Mas mesmo assim o América vendeu o mando, o Palmeiras ficou na dele e a CBF autorizou a mudança. O Atlético Mineiro, terceiro colocado, reclamou muito. O presidente do Galo, Daniel Nepomuceno, usou palavras duras na sexta-feira e eu concordo com todas elas. “É uma vergonha. Eu acho, primeiro, que a regra tem que ser modificada e não pode aceitar essas coisas. É contra o esporte, o torcedor desanima. O Atlético vai trabalhar para que isso seja proibido nos próximos jogos. Se um time tem condição de comprar, eu quero comprar mando de outros times. Se alguém tem direito de comprar o mando, que todos tenham. Se é para avacalhar, que todos possam fazer isso também”, disparou o dirigente do Galo. Daniel Nepomuceno não poderia ter escolhido uma palavra melhor. Sem o menor constrangimento, a CBF avacalha a principal competição do futebol brasileiro. O campeonato que deveria ser tratado como uma joia é gerenciado com um desleixo difícil de entender. “Vender o jogo para levar torcida do adversário porque você não está na disputa não é futebol. Isso é negócio. Futebol não é assim não”, reclamou Nepomuceno. Para a CBF, infelizmente, futebol é isso aí, sim.