opinião

Aumenta o som que hoje é dia de rock

Aquiles Reis
22/04/2020 às 12:29.
Atualizado em 29/03/2022 às 16:06

Roquenrrol na veia: Victor Biglione – Classic Rocks From Brasil (distribuição da Tratore e disponível nas plataformas digitais por download e streaming). Hoje é dia de Biglione, o argentino mais brasileiro que existe sobre a face desta terra em vias de ser arrasada pela Covid-19. Nascido em Buenos Aires em 1958 e naturalizado brasileiro desde 1982, ele é um virtuoso guitarrista, violonista, produtor musical e arranjador. Instrumentista dos mais versáteis do mundo, sua história costuma também ser celebrada pelo fato de ter gravado com o também guitarrista Andy Summers (The Police). Diz-se que o brasileiro, ao gravar dois álbuns com o norte-americano, somou pontos à sua trajetória. E mais, que Biglione esteve também ao lado de outros ícones do rock mundial, com quem também gravou: Steve Hackett (Genesis) e Andreas Kisser (Sepultura), dentre outros. Aí me ponho a matutar: olha só, por melhor que sejam as feras internacionais da guitarra, e me perdoem a franqueza, esses encontros têm ida e volta. Assim como os caras apresentaram a arte da guitarra para Biglione, o brasileiro igualmente permitiu que usufruíssem da envergadura roqueira de seu instrumento. E é através de guitarristas como Victor Biglione, e tantos mais, que o roquenrrol se perpetua na história da música negra norte-americana. Mas vamos ao CD: a tampa abre com Oh Well (Fleetwood Mac), quando a guitarra faz referência a Quadrant, do baterista Billy Cobham, dos Rolling Stones... quando puderem ouçam esse tema, mas deem preferência a ouvir o álbum todo, pois nele estão alguns dos recursos que fazem de Biglione um mestre. Serves Me Right to Suffer (John Lee Hooker) traz a voz de Vera Negri, uma perfeita bluerockwoman. Que voz, meu Deus! Biglione se vale de expedientes fascinantes, como quando a guitarra se ajunta à batera (Arthur Dutra) para darem vez ao poder vocal de Negri. 1+2 Blues (Larry Corryell), com participação de Andy Summers, tem intro com dois violões (Biglione e Summers). Sente-se que um não deve nada ao outro, são iguais em improvisos e força melódica. Latin Texas (Victor Biglione) demostra a capacidade composicional de Biglione. A intro com congas (Roberto Alemão) antecede a entrada do solo do baixo (Marco “Bombom”). Logo a batera de Roberto Alemão sustenta a parada, enquanto o baixo improvisa. Psychodelic Frisco (Victor Biglione) fecha a tampa. Contando com baixo acústico (Luiz Alves) e moog e batera (Roberto Alemão), o tema leva a concepção do álbum ao clímax. Graças a guitarristas como Victor Biglione, o roquenrrol excede o tempo e se transforma em espelho, não só para a juventude, como também para os coroas que hoje, como eu, somos as vítimas preferenciais desse tal coronavírus. Victor Biglione – Classic Rocks From Brasil exalta a guitarra de um instrumentista de referência, protagonista de um gênero musical que sobrevive graças à rara vocação de músicos como ee, plenos de talento e ardor.

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